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'Pai do Talibã' permite uso de vacinas contra a pólio no Paquistão

Em Peshawar

10/12/2013 15h04

Um religioso radical paquistanês conhecido como o "Pai do Talibã" emitiu uma fatwa - pronunciamento legal de um especialista em lei religiosa islâmica - pedindo aos pais para imunizarem seus filhos contra a poliomielite e outras doenças fatais, acrescentando que a vacinação está em conformidade com a lei do Islã.

O Talibã ordenou a proibição da vacinação em resposta ao fato de a CIA ter recrutado o médico Shakeel Afridi para executar um suposto falso programa de vacinação na cidade paquistanesa de Abbottabad. O objetivo real seria obter amostras de DNA que pudessem ajudar a identificar Osama bin Laden.

Afridi foi preso depois que as tropas americanas mataram o chefe da Al-Qaeda, em sua casa, em maio de 2011.

A proibição provocou uma onda de casos de pólio no Paquistão, que ameaça os esforços mundiais para erradicar a doença infecciosa, e que também é endêmica na Nigéria e no Afeganistão.

Desde a proibição da vacina, em junho 2012, combatentes talibãs têm atacado regularmente trabalhadores médicos e membros das forças de segurança, o que já resultou em pelo menos 25 mortes.

Porém, de acordo com uma declaração assinada por Maulana Sami-ul-Haq, que lidera o seminário radical Dar-ul-Uloom Haqqania, em 30 de outubro, os pais devem ignorar os avisos dos militantes.

"De acordo com a Sharia, não há mal nenhum em usar vacinas que especialistas da área médica recomendam para salvar as crianças das doenças mortais", afirmou o comunicado desta terça-feira.

"Poliomielite, sarampo, tétano, tuberculose, etc. são doenças fatais e perigosas, e as vacinas para salvar as crianças e as mulheres grávidas são eficazes e inofensivas. Não há sentido nas dúvidas e suspeitas que estão sendo espalhadas contra elas".

"Os pais devem dar as injeções e gotas dessas vacinas a seus filhos para salvá-los de doenças fatais", acrescentou.