Alvo da PF, ex-prefeito de Duque de Caxias fala em 'polarização e covardia'

O ex-prefeito de Duque de Caxias e atual secretário de Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Washington Reis (MDB-RJ), disse que a operação da PF que investiga um esquema de fraude em certificados de vacina contra a covid-19 envolve "polarização e covardia".

O que aconteceu

Reis disse que recebeu os agentes da PF em sua casa, em Xerém, Duque de Caxias nesta terça-feira (4). Ele é um dos suspeitos de viabilizar a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. "Como figura pública com mais de 32 anos de atuação política, estou ciente dos desafios enfrentados pelo nosso país em meio a uma polarização política intensa", escreveu ele nas redes sociais.

O ex-prefeito afirmou ainda que "o ano de eleições traz consigo muitas tensões e, infelizmente, também covardias." Ele se refere à operação da PF em que agentes cumprem dois mandados de busca contra agentes públicos vinculados ao município de Duque de Caxias (RJ), suspeitos de participação na inserção de dados falsos de vacinação no sistema do governo federal.

O ex-prefeito afirmou que enfrentou críticas em seu mandato por não adotar medidas de "fechamento". Em nota, Reis diz ainda que foi processado por "não estocar vacinas, pensando sempre na população."

Ele também citou a compra do Hospital São José. "Investimos na aquisição de um hospital dedicado ao tratamento de pacientes com covid-19, salvando milhares de vidas", escreveu. Segundo ele, a unidade passa por obras e será transformado em um hospital voltado à tratamentos de cardiologia.

Reis disse ainda que, como secretário de Transporte e Mobilidade Urbana, "reitera o compromisso com a melhoria do transporte". Segundo ele, projetos estão em andamento — entre eles, a retomada das obras do metrô da Gávea, sistema de bilhetagem das Barcas, criação de linhas intermunicipais de ônibus, entre outros.

PF deve abrir uma nova investigação para analisar os dados da prefeitura de Duque de Caxias. Além disso, a investigação vai tentar identificar novas suspeitas de inserção de dados fraudulentos.

Operação contra fraude em vacinação

Esta é a segunda fase da Operação Venire, deflagrada em maio do ano passado, com a prisão do tenente-coronel Mauro Cid. O objetivo da PF é identificar novos beneficiários do esquema. O irmão de Washington Reis, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), já era investigado no caso.

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A Polícia Federal apreendeu R$ 164 mil em dinheiro na casa de Reis. Os investigadores também recolheram 5.700 dólares e 170 euros, além de telefones celulares e aparelhos eletrônicos. O UOL entrou em contato com o governo do Rio de Janeiro para pedir um posicionamento sobre o valor encontrado na casa do atual secretário, mas até o momento não obteve retorno.

PGR (Procuradoria-Geral da República) havia solicitado à PF o aprofundamento das investigações. O pedido ocorreu após ter o órgão ter recebido o relatório final do caso das vacinas, em março deste ano.

No relatório final, a PF havia indiciado o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos nas fraudes. As investigações apontaram que o tenente-coronel Mauro Cid atuou com outras pessoas para inserir dados falsos de vacina da covid-19 nos sistemas do governo federal.

Em delação premiada, Cid disse que a inserção de dados falsos foi feita por ordem do ex-presidente. A defesa de Bolsonaro nega o envolvimento dele nos dados falsos de vacina e afirmou, à época da conclusão das investigações, que o ex-presidente não ordenou as fraudes e nunca se vacinou contra a covid-19. Os demais alvos da investigação ainda não foram localizados para comentar.

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