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Vírus se tornou menos letal em mulheres para conseguir infectar seus filhos

Getty Images
Imagem: Getty Images

13/12/2016 21h34

Pelo menos um tipo de vírus se tornou menos letal ao infectar as mulheres para garantir que elas não morram antes de passar a infecção para seus descendentes, de acordo com um estudo divulgado na terça-feira (13).

Durante anos, os cientistas acreditaram que o vírus HTLV-1 - que pode causar leucemia, entre outras doenças - era mais mortal para os homens porque as mulheres tinham um sistema imunológico mais forte, pelo menos contra este vírus em particular.

Mas novas evidências, publicadas na revista científica Nature Communications, mostram que o vírus se adaptou através da evolução para aproveitar uma oportunidade que os homens não podem oferecer.

"A razão pela qual estas doenças são menos agressivas em mulheres é que o vírus quer ser passado de mãe para filho", o que pode acontecer no nascimento e durante a amamentação, explicou Vincent Jansen, coautor do estudo e professor da Universidade de Londres.

Como descobriu Charles Darwin, as estratégias evolutivas que as criaturas criam para atrair companheiros ou presas, ou para evitar serem comidas, são infinitamente complexas e surpreendentes.

Assim, não se sabe exatamente como os vírus - partículas microscópicas cujo material genético é relativamente simples - podem detectar e se ajustar ao sexo do hospedeiro que infectam.

Jansen e o pesquisador Francisco Ubeda, também da Universidade de Londres, usaram modelos matemáticos complexos para mostrar que nenhuma outra explicação é tão plausível quanto a que sugerem.

Eles compararam a incidência e a progressão do HTLV-1 no Japão e no Caribe.

No Japão, eles descobriram que o vírus era quase três vezes mais propenso a causar leucemia em homens do que em mulheres.

No Caribe, no entanto, as chances do vírus se transformar na sua forma letal era praticamente igual para ambos os sexos.

A razão, eles deduziram, era que o aleitamento materno - uma das formas em que o vírus pode ser passado de mãe para filho - é mais comum e prolongado no Japão, "levando o vírus a se tornar menos fatal em mulheres".