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Implantes mamários PIP não são tóxicos nem cancerígenos,diz estudo britânico

Em Londres

18/06/2012 10h22

As próteses mamárias da marca francesa PIP, compostas por silicone não autorizado na União Europeia (UE), não são tóxicas nem cancerígenas, segundo um relatório elaborado pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês).

O documento afirma que o gel de silicone das próteses, habitualmente utilizado na fabricação de colchões e que não tem autorização da UE para uso em implantes mamários, pode causar irritação, mas "não representa uma ameaça em longo prazo para a saúde".

O texto, elaborado por um grupo de especialistas dirigidos pelo diretor médico do NHS, Bruce Keogh, pretende esclarecer o escândalo dos implantes da Poly Implants Prosthéses (PIP), retirados do mercado em 2010 após serem relacionados a casos de câncer na França.

Foram analisadas 240 mil próteses de distintas marcas que tinham sido implantadas em 130 mil mulheres britânicas e segundo Keogh, ficou provado que "os implantes não são tóxicos e não supõem uma ameaça a longo prazo para as mulheres que os levam", e ainda que não existe qualquer relação entre eles e o câncer.

Keogh reconheceu, no entanto, que as prótese estão "abaixo do padrão" e que sua probabilidade de ruptura é o dobro da de outras marcas.

A pesquisa mostrou que dez anos após seu implante, as próteses PIP tinham entre 15% e 30% de probabilidade de ruptura, enquanto o risco em outras marcas se situava entre 10% e 14%.

Os especialistas recomendaram às mulheres que as tenham que procurem seu cirurgião ou médico se encontrarem algum volume ou tiverem dor ou inflamação.

Apesar das conclusões do relatório, a Associação Britânica de Cirurgiões Plásticos Estéticos (BAAPS, em inglês) considera que se deve oferecer a possibilidade de extrair os implantes dessa marca a todas as mulheres, independentemente do risco de ruptura ou da aparição de sintomas.

"As prótese PIP têm um risco significativamente maior de ruptura e vazamento, o que causa reações físicas em uma proporção inaceitável de pacientes", ressaltou Fazel Fatah, presidente da BAAPS.

Na Inglaterra, o NHS se comprometeu a substituir gratuitamente as próteses das pacientes que os receberam através do serviço de saúde pública - uma minoria, já que 95% das britânicas foram operadas em clínicas privadas.

Em Gales, por outro lado, o NHS substituirá os implantes em todos os casos, enquanto na Escócia as próteses das pacientes de clínicas privadas serão extraídas, mas não serão substituídas por novas.

No Brasil, a importação, distribuição e comercialização das próteses PIP foram proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2011, e o SUS ofereceu cirurgias reparatórias gratuitas às mulheres que sofreram rupturas nos implantes mamários.