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Doenças e famosos: uma combinação que conscientiza

Angelina Jolie, de 37 anos, anunciou nas páginas de outro jornal, "The New York Times", que tinha se submetido a uma dupla mastectomia para evitar que futuramente desenvolvesse um tumor mamário - Leon Neal/AFP Photo
Angelina Jolie, de 37 anos, anunciou nas páginas de outro jornal, "The New York Times", que tinha se submetido a uma dupla mastectomia para evitar que futuramente desenvolvesse um tumor mamário Imagem: Leon Neal/AFP Photo

Fernando Mexía

em Los Angeles

07/06/2013 10h49

Os recentes comentários de Michael Douglas sobre seu câncer de garganta e a dupla mastectomia de Angelina Jolie voltaram a demonstrar o poder que os famosos têm na opinião pública ao transformar sua doença em tema de debate.

Douglas, de 68 anos, revelou em entrevista publicada nesta semana pelo jornal britânico "The Guardian" que o tumor que foi tratado em 2010 foi causado pelo Papilomavírus humano (HPV) "que procede na realidade da cunilíngua (prática do sexo oral)", relatou o ator.

As declarações foram publicadas pelo jornal como uma confissão sobre a forma que o ator se infectou, o que mais tarde foi negado por seus representantes, que defenderam que Douglas falava dos casos em geral e não especificamente da sua experiência pessoal.

De qualquer forma, o ator tornou famoso o perigoso HPV, cuja existência, apesar de ser conhecida e ser uma doença frequente, não é levada suficientemente a sério pela população dos Estados Unidos, segundo estudo do Yale Cancer Center baseado em dados do Centro de Controle de Doenças (CDC).

O HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum nos EUA e afeta as mulheres maioritariamente. Quase metade das mulheres entre 14 e 59 anos foram contagiadas com pelo menos uma cepa deste vírus no país entre 2003 e 2006, ano no qual se comercializou a primeira vacina contra a doença.

A vacinação preventiva, no entanto, acabou por não ter a aceitação social esperada pelos médicos, que a consideram um grande passo para reduzir o número de pessoas que desenvolvem câncer cervical, de ânus e oral.

A vacina, para que tenha efeito, segundo o CDC, tem que ser aplicada em jovens de idades que variam dos 9 aos 26 anos; no entanto, as taxas de vacinação são baixas (só 35% de meninas entre 13 e 17 anos receberam o tratamento completo em 2010).

Os especialistas reconhecem que existe certo preconceito entre as famílias na hora de proteger os seus filhos do vírus, já que pressupõe que o jovem, em muitos casos menor, já tenha iniciado a sua vida sexual, embora às vezes seja o simples desconhecimento de sua existência que impede a aplicação.

No evento comemorativo dos 100 anos da Associação Americana do Câncer (ACS), que aconteceu na segunda-feira em Nova York, Douglas recebeu o prêmio Marvin Hamlisch e comentou com os presentes que não se arrependia das declarações ao jornal inglês que o transformaram na imagem do câncer oral.

"Tentei fazer um pouco de serviço público sobre o VPH, uma das poucas áreas que o câncer que pode ser controlado, e há vacinas que as crianças podem tomar", disse Douglas, citado pelo jornal "New York Post".

As revelações de Michael Douglas foram dadas apenas duas semanas depois que Angelina Jolie, de 37 anos, anunciou nas páginas de outro jornal, "The New York Times", que tinha se submetido a uma dupla mastectomia para evitar que futuramente desenvolvesse um tumor mamário.

A atriz tomou essa drástica decisão depois que alguns exames previram que tinha 87% de possibilidades de contrair a doença e optou por recorrer à imprensa para colocar seu exemplo à disposição de outras mulheres que estejam em circunstâncias parecidas.

Entre os famosos que se tornaram porta-bandeiras da luta contra doenças estão o ator Michael J. Fox, o rosto mais famoso de Hollywood quando se refere a Parkinson, e a ex-estrela da NBA Earvin E. Johnson, mais conhecido como "Magic" Johnson, símbolo do combate a Aids.