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Cerca de 500 mil pessoas sofrem lesão na medula espinhal por ano

Em Genebra

02/12/2013 11h50

Cerca de 500 mil pessoas sofrem de alguma deficiência devido a uma lesão da medula espinhal por ano e têm entre duas e cinco vezes mais chances de morrer cedo nos países de baixa e média renda, afirma um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Para comemorar o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, na terça-feira (3), a OMS apresentou nesta segunda-feira em Genebra um relatório sobre a situação das pessoas que sofreram uma lesão na medula espinhal, o primeiro elaborado sobre o tema.

"A lesão espinhal é uma condição muito complexa do ponto de vista médico e tem um forte impacto na vida cotidiana dos pacientes", afirmou em entrevista coletiva o diretor do departamento de Violência e Prevenção de lesões e incapacidades da OMS, Etienne Krug.

Até 90% dessas lesões acontecem devido a "causas traumáticas", como acidentes de trânsito, quedas de grandes alturas e violência e, portanto, são "preveníveis e evitáveis", embora haja variações nas regiões onde ocorre.

Na África, por exemplo, 70% das lesões na medula espinhal são causadas devido a acidentes de trânsito. Já no sul do Pacífico, a porcentagem corresponde a 55%, enquanto as quedas de grandes alturas representam cerca de 40% dos casos no sudeste da Ásia e na região do Mediterrâneo oriental.

Nos casos de lesões não-traumáticas, as principais causas são tumores, espinha bífida ou tuberculose, doença que representa "um terço das lesões medulares não-traumáticas na África subsaariana", disse Krug.

Quanto à diferença entre os sexos, segundo o relatório, os homens apresentam maior risco de sofrer uma lesão de medula entre 20 e 29 anos e a partir dos 70 anos ou mais, enquanto a probabilidade nas mulheres é maior entre 15 e 19 anos e a partir dos 60 anos.

Entre os adultos, o risco de sofrer uma lesão na medula espinhal é duas vezes maior entre os homens do que nas mulheres", explicou Krug.

Esse tipo de lesão também contribui para o desenvolvimento de patologias secundárias, que podem chegar a ser letais, como tromboses, infecções urinárias, úlceras por pressão e complicações respiratórias.

Além das consequências físicas, como deficiência e dor crônica, as lesões medulares também causam impactos emocionais, já que entre 20% e 30% dessas pessoas mostram "sinais de depressão clinicamente significativos", indicou a coordenadora do departamento de deficiência e reabilitação da OMS, Alana Officer.

No campo sócio-econômico, o relatório indica que as crianças com essas lesões são menos propensas a começar a escola, e uma vez inscritas, são menos propensas a avançar, enquanto os adultos com lesões medulares enfrentam taxas de desemprego globais em mais de 60%.

Alana alertou que muitas das consequências que resultam destas lesões não surgem diretamente da lesão em si, mas da "falta de um atendimento médico adequado no momento do acidente e de um tratamento de reabilitação posterior, assim como de barreiras físicas e sociais que excluem estas pessoas da participação em suas comunidades".

"Um diagnóstico rápido, a estabilização das funções vitais, a imobilização da medula para preservar suas funções neurológicas e o controle sanguíneo e da temperatura corporal são cuidados que devem ser recebidos no período de duas hora após o acidente", detalhou a OMS.