Mesmo com limitações, terapias da psiquiatria são essenciais
As limitações terapêuticas da psiquiatria atual não devem desestimular as pessoas a buscarem tratamento, ressaltam os médicos. Não só isso, mas é importante que as pessoas aprendam a reconhecer os sintomas de transtornos psiquiátricos e busquem tratamento o mais cedo possível; pois, assim também como em qualquer doença, quanto mais precoce for a intervenção, melhor. "Um dos erros mais comuns é demorar para buscar ajuda", diz Bruce Cuthbert, do NIMH. "As pessoas evitam, esperam demais, e aí o problema fica mais difícil de tratar."
"Quando os transtornos se manifestam é porque já há um processo estabelecido, e eles são progressivos", explica Rodrigo Bressan, coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas da Unifesp. "Quanto mais cedo você diagnostica e mais cedo você trata, maiores são as chances de obter uma recuperação total e evitar a perpetuação dos transtornos."
Falar em "mudança de paradigma" e apontar limitações, segundo Cuthbert, não significa que os tratamentos atuais sejam inúteis ou que os psiquiatras estejam fazendo algo errado.
"Seria o mesmo que dizer que os oncologistas de 30 anos atrás estavam tratando as pessoas de forma errada, porque não trabalhavam com informações genéticas do paciente", compara ele. "Estamos fazendo o que é possível com as informações que temos. Não há nada que poderia ser feito melhor neste momento, porque não temos o conhecimento científico que precisamos para isso ainda."
Daí a importância de investir urgentemente em pesquisas sobre os mecanismos das doenças, conclui Cuthbert.
Incidência
Cerca de 45% dos moradores da Região Metropolitana de São Paulo sofrem de algum transtorno mental ao longo da vida, segundo um estudo publicado em outubro na Revista Brasileira de Psiquiatria. As doenças mais comuns registradas foram depressão maior (17%), fobias específicas (12%) e abuso de álcool (10%).
Mulheres apresentam maior risco para transtornos do humor e de ansiedade (como bipolaridade, síndrome do pânico e fobias), enquanto que homens sofrem mais com problemas relacionados ao uso de álcool e drogas. O estudo foi baseado em entrevistas com mais de 5 mil pessoas, com autoria de Maria Viana e Laura Andrade, ligadas à Universidade Federal do Espírito Santo e à Universidade de São Paulo.
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