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Hospitais 'vips' atendem 1,8 mil pacientes do SUS na capital paulista

Carina Bacelar, especial para AE

Em São Paulo

07/10/2013 13h43

Ela não esquece da hora exata em que entrou com a filha pela primeira vez no Hospital Sírio-Libanês, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Era 3 de dezembro de 2012, 5h15. Isabelly Cristina da Silva, de 16 anos, tinha acabado de ser “promovida” a paciente de um dos centros de medicina mais vips do Brasil. A mãe, Sandra da Silva, de 36, estava lá, acompanhando a luta da jovem por um transplante de coração. Assim como ela, outras 1,8 mil pessoas são tratadas hoje por hospitais privados que mantêm convênio com a rede pública na capital.

A ansiedade era tanta que Sandra acompanhava os minutos no relógio. Com insuficiência cardíaca, Isabelly estava debilitada: pesava 26 kg, distribuídos em 1,40 m de altura. Há quase um ano, iniciou o projeto Coração Novo, desenvolvido pela equipe do cardiologista Roberto Kalil Filho, médico da presidente Dilma Rousseff (PT). Hoje, já transplantada, ela ainda é acompanhada pela equipe da unidade, sem restrições.

Criado para dar suporte a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que precisam de um transplante de coração, o projeto do Sírio compõe uma rede de solidariedade formada por hospitais de ponta. A lista inclui Albert Einstein, Beneficência Portuguesa e Oswaldo Cruz. Somadas, as pessoas tratadas por eles ocupariam mais de 80% dos 2,2 mil leitos do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Para a dona de casa Sandra da Silva, de Juiz de Fora (MG), o tratamento oferecido à filha Isabelly e a outros 39 pacientes é de “hotel cinco estrelas”. Além do programa para doenças cardíacas, o Sírio mantém a Escola de Transplantes, que atende o SUS desde 2009. “Na rede pública há menos investimentos. A medicina hoje demanda tecnologia”, destaca Roberto Kalil.

Isenção O Hospital Albert Einstein mantém programas semelhantes, que ocupam cerca de 900 leitos das unidades da rede, o que corresponde a 33% do total de vagas, segundo o presidente Claudio Lottenberg. Por ser enquadrado na categoria filantrópica, o atendimento para pacientes do SUS rende isenções fiscais aos hospitais. Por ano, são cerca de R$ 50 milhões abatidos apenas das contas do Einstein.