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Estudo mapeia uso de crack nos 645 municípios de SP

Ricardo Brandt

De São Paulo

02/06/2014 21h59

Passados 23 anos da primeira apreensão de crack em São Paulo, a "raspa da canela do capeta" - como era conhecida a droga quando surgiu na periferia da zona leste, nos anos 1980 - avança por todas as regiões do Estado e faz do enfrentamento ao problema um dos principais desafios para cidades pequenas e médias.

Governos estadual e federal estimam entre 350 mil e 400 mil usuários no Estado. Mapeamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) atualizado em tempo real pelas prefeituras revela que 194 cidades paulistas declararam ter alto nível de problema decorrente do consumo de crack - quase um terço dos 645 municípios do Estado.

Subproduto sujo e barato da cocaína, a droga que deve seu nome aos estalos que emite ao ser queimada virou praga em municípios como Águas de Lindoia e Serra Negra (estâncias hidrominerais), Campos do Jordão (a "Suíça brasileira"), Ilhabela (reduto turístico no litoral norte) e Cananeia (patrimônio da humanidade).

O crack afeta também cidades-referência, como Ibitinga (a capital do bordado), Monte Alegre do Sul (a capital do morango) e Louveira (2.º maior PIB per capita do País).

O secretário nacional de Políticas sobre Drogas, Vitore Maximiano, admite que a situação é grave.

"O uso do crack surgiu mais acentuadamente nas grandes cidades e, especialmente, nas metrópoles. Mas temos notado que o crack também é droga presente em pequenos e médios municípios", afirma.

Durante quatro meses, a reportagem do Estado constatou essa realidade ao percorrer 6,6 mil quilômetros para levantar dados, ouvir autoridades federais, estaduais e municipais, visitar clínicas, comunidades terapêuticas e pontos de consumo. No caminho, visitou 13 municípios que denunciaram alto ou médio nível de problema com crack e conversou com usuários e parentes.