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Contra crise, Padilha improvisa unidade de saúde e cria atendimento à distância

Em São Paulo

19/09/2015 09h27

Vinte e cinco dias depois de assumir o cargo de secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha definiu estratégias rápidas e baratas para tentar destravar as metas da gestão Fernando Haddad (PT). A área tem uma das piores avaliações populares e a maioria das promessas ainda não saiu do papel.

Ex-ministro da Saúde, Padilha montou uma força-tarefa para acelerar o andamento das construções. Com o objetivo de economizar tempo e dinheiro, decidiu erguer parte das unidades como "casas pré-fabricadas". Resolveu ainda ativar um sistema de medicina à distância para diminuir as filas de espera por especialidades e impulsionou a integração da AMA (Assistência Médica Ambulatorial), de pronto atendimento, com a UBS (Unidade Básica de Saúde), de consultas agendadas, que funcionavam no mesmo prédio.

"Acho que vamos conseguir impor um ritmo na construção que só é possível por causa do que o José de Filippi (ex-secretário) fez. Criamos uma força-tarefa de obras nas Secretarias da Saúde e da Infraestrutura. Vamos atingir todas as metas do plano: ou vai estar já em funcionamento ou em construção essas unidades", disse ele ao Estado em sua primeira entrevista como secretário.

Em junho, a gestão só havia entregue 19 das 146 unidades novas ou reformadas prometidas. Hoje, a Prefeitura promete iniciar as obras do Hospital Brasilândia, prometido para 2016. Com os atrasos nas licitações e a dificuldade econômica, pelo menos duas UBSs e dez Hospitais Dia da Rede Hora Certa terão estrutura de uma unidade móvel. "É um equipamento que a gente, na época do ministério, usou muito para as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). É como se fosse uma casa pré-fabricada com material apropriado para área hospitalar, um tipo de uma fibra. Você sobe rapidamente", explicou ele.

A construção de uma UBS nesse formato custa entre R$ 700 mil e R$ 900 mil, enquanto uma unidade tradicional consome de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões. Além disso, o modelo pré-fabricado leva no máximo 40 dias para ser erguido e a construção clássica de alvenaria demora um ano para ficar pronta.

Especialidades. Além de acelerar as obras, Padilha pretende adotar na capital paulista um serviço em que médicos da Prefeitura de diversas especialidades darão auxílio à distância aos clínicos dos postos de saúde na resolução de casos, por telefone e online. "Hoje temos uma plataforma que faz esse trabalho com acompanhamento das gestantes de alto risco. Essa plataforma pode ser rapidamente ampliada para instalar um ‘telessaúde’.

A integração entre UBSs e AMAs já foi iniciada, com a unificação dos sistemas de ambas as unidades. "Nós vamos aproveitar recursos que não funcionavam para tentar melhorar a vida das pessoas. A coisa mais importante dessa integração é acabar com a situação de um paciente passar duas, três, quatro vezes no pronto atendimento e não ser encaminhado para o cuidado continuado", disse o secretário municipal.

Emergência

As medidas ainda buscam enfrentar a crise econômica que diminuiu a arrecadação da Prefeitura e fez o repasse de verbas federais atrasar. "Vou colocar todo o peso, os contatos e a energia que eu posso colocar para ajudar o prefeito a concluir o seu projeto. Tudo de conhecimento que eu tive, por ter sido Ministro da Saúde, vou colocar em jogo."

Presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão afirmou que os projetos podem trazer benefícios pontuais à população, mas não resolvem problemas estruturais. "Parece medida emergencial para tentar salvar uma gestão de saúde muito pobre." As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".