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Texas Monta armadilha e se arma contra 'Aedes'

29/02/2016 14h26

Houston - A virologista Cheryl Freeman trabalha há 21 anos na Divisão de Controle de Mosquitos do Condado de Harris, o terceiro maior dos Estados Unidos, com uma população de 4,3 milhões de pessoas. Suas maiores preocupações são a febre do Nilo Ocidental e a encefalite de Saint Louis, transmitidas pelo Culex, o pernilongo. Mas em poucas semanas o Aedes aegypti e a zika entrarão em sua rotina.

Freeman acaba de passar por um treinamento para realizar testes que identificam o vírus associado a casos de microcefalia no Brasil, como parte da preparação para sua inevitável chegada ao território do Texas. "Em algum momento, o vírus estará na nossa população. A dúvida não é 'se', mas 'quando'", disse ao Estado Umair Shah, diretor executivo do Serviço de Saúde Pública e Meio Ambiente do Condado de Harris, onde fica Houston, a quarta maior cidade americana.

O Aedes é um dos 26 tipos de mosquitos coletados regularmente para testes na região. "Ninguém prestava atenção ao zika até a microcefalia", afirmou. Além do treinamento de pessoal, a Divisão de Controle de Mosquitos comprou equipamentos para realização dos testes e aumentou o número de armadilhas de Aedes.

Apesar de considerar inevitável a chegada do zika, Shah busca retardá-la. Sua prioridade é monitorar os viajantes que voltam de países infectados e apresentam sintomas da doença. Essas pessoas são orientadas a fazer de tudo para não serem picadas por mosquitos do Texas, o que daria início à transmissão local. As medidas mais eficazes são uso de repelente e permanência em locais fechados com ar-condicionado ligado.

Mapa

A Divisão de Controle de Mosquitos de Harris é comandada por Mustapha Debboun. Focado no Culex, ele combate voadores em 268 áreas demarcadas do condado, recolhendo amostras da população local de mosquitos todas as semanas entre os meses de abril e maio a novembro. Os insetos são congelados e separados por tipo e sexo. Portadoras dos vírus, só as fêmeas são examinadas para a detecção da existência de infecções.

Os resultados dos exames alimentam um mapa com indicações de regiões problemáticas, para as quais são despachados caminhões fumigadores, que atuam durante a noite. Se moradores de Harris registrarem casos de transmissão local de zika, a resposta de Debboun será enfática: recolher amostras dos insetos das regiões em que a pessoa esteve e exterminar todos os demais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cláudia Trevisan, enviada especial