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Para Defensoria Pública, grande número de mortes em PS de Taubaté "é calamitoso"

Bruno Monteiro

Especial para o UOL Ciência e Saúde<br>De Taubaté (SP)

03/08/2011 15h00

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo manifestou na última semana preocupação com o crescimento do número de mortes no Pronto-Socorro de Taubaté (130 km de São Paulo). Segundo o defensor público, Wagner Giron de La Torre, um levantamento apontou que morrem de duas a três pessoas no PS da cidade por dia.

“É um estado calamitoso. Já é espantoso o número de mandados de segurança que impetramos para o cidadão de baixa renda conseguir um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ou para ter acesso a um medicamento. Agora também há denúncias e pedidos de indenizações em relação a mortes que acontecem no Pronto-Socorro”, afirmou.

De acordo com a defensoria, ações indenizatórias contra o pronto-socorro envolvem casos de pacientes que ficaram em ambientes com más condições de abrigo ou que receberem tratamento médico inadequado.

“São casos das mais diversas naturezas. Os familiares reclamam do mau atendimento e culpam a unidade hospitalar pela morte do ente querido.”

Um levantamento do Comus (Conselho Municipal de Saúde)  da cidade mostra que entre 2008 e 2010 o número de óbitos no Pronto Socorro Municipal subiu 35,2%. Em 2008, foram registradas 526 mortes. Em 2009, foram 602. Já no ano passado, este número saltou para 812 óbitos.

O ano de 2009, por exemplo, está sendo classificado como o ano do “caos na saúde”. Isso porque a cidade teve mortes em razão da gripe suína e uma epidemia de dengue. Taubaté é uma das cidades com mais casos registrados no Estado de São Paulo.

Também em 2009, ocorreu a troca da empresa que fazia o gerenciamento da saúde. Saiu a Home Care, em razão de uma investigação policial e entrou a Acert. A Câmara abriu uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) para apurar o serviço da Acert e posteriormente uma CP (Comissão Processante) que pode cassar o mandato do prefeito.

Neste período, teria havido o desabastecimento de medicamentos. A ex-diretora de saúde Rita Bittar disse em depoimento para a CP que o “caos” instaurado na saúde em 2009 pode ter resultado em mais mortes no PS, principalmente de idosos.

Condições precárias

A estudante Yolanda Santos, 21, esteve no pronto-socorro há duas semanas. “Levei um susto quando entrei lá (parte interna do PS) para visitar minha mãe. O que vi não sai da minha cabeça. Vômitos pelo chão. Pessoas sendo atendidas em corredores. Uma visão horrível”, disse. A mãe de Yolanda foi transferida para outra cidade do Vale do Paraíba para ser atendida e se recupera da enfermidade.

“Acho que se minha mãe tivesse ficado aqui, neste pronto-socorro, ela teria morrido”, concluiu Yolanda, com semblante de revolta.

Outro Lado

O UOL Ciência e Saúde tentou entrar, por diversas vezes, em contato com o secretário de saúde de Taubaté, o médico Pedro Henrique Silveira,  sem êxito. Foi encaminhado também pedido de pronunciamento oficial à assessoria de imprensa da prefeitura que, até o fechamento desta reportagem, não havia retornado.