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Novos fármacos reduzem tempo de tratamento da tuberculose

Do UOL

Em São Paulo

21/03/2012 13h03

O tempo médio de tratamento da tuberculose, que é de seis meses, poderá ser reduzido graças a novos fármacos desenvolvidos pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP. Para isso, os cientistas utilizam cargadores, moléculas que levam os agentes do medicamento pelo organismo até o lugar de origem da doença, baseados em complexos organometálicos de rutênio.

Os experimentos em laboratório com proteínas in vitro em pequenos animais foram concluídos com êxito. Os pesquisadores procuram investigar as barreiras biológicas que devem ser ultrapassadas por medicamentos até seu alvo específico dentro do corpo, ou seja, os problemas de transporte que acabam por reduzir a eficácia do fármaco contra a doença.

Para isso, utilizaram os cargadores, moléculas maiores e mais flexíveis, com propriedades específicas que as permitem passar através de tecidos e levar os agentes do medicamento até o lugar de origem da doença, que no caso da tuberculose é uma enzima específica. Estas moléculas estão intimamente relacionadas à atividade de complexos organometálicos de rutênio.

Segundo os pesquisadores, o corpo humano tem complexos organometálicos, mas em pouca quantidade, pois quando encontrados em grande quantidade, eles podem se ligar a algumas proteínas e danificá-las, causando intoxicação.

O mercúrio, que se encaixa nesta categoria de íons pesados, causa um grande número de intoxicações graves. Por esta razão, os pesquisadores trabalharam com o rutênio, um complexo mais estável, mais tolerado pelo organismo humano (portanto menos perigoso) e muito mais bem estudado pela ciência.

Os testes in vitro — aplicação do medicamento em proteínas isoladas em laboratório — já foram realizados com ótimos resultados, além dos testes in vivo, em pequenos animais. O próximo passo é dar início a experimentos clínicos, em humanos, o que exige grandes preparativos e financiamentos, além de parcerias com empresas farmacêuticas responsáveis pela supervisão dos testes. Mas uma das grandes superações do projeto foi a investigação da atuação do composto desenvolvido pelos pesquisadores sobre a enzima específica que é fonte da tuberculose no corpo humano.

(Com Agência USP)