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Cerca de 8% dos bebês de maternidade em Campinas (SP) foram infectados pelo bacilo da tuberculose

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas

09/10/2012 15h34

Cerca de 8% dos 166 bebês nascidos entre janeiro e junho no Hospital e Maternidade Madre Theodora, em Campinas (a 93 km de São Paulo), que já passaram por exames estão infectados pelo bacilo da tuberculose. Contudo, segundo Maria Alice Satto, coordenadora do Programa de Tuberculose do Departamento da Vigilância em Saúde (Devisa), a situação não é alarmante porque o número trata de casos chamados de latentes – quando a pessoa contraiu o bacilo de Koch, mas ele não se desenvolveu.

O índice foi feito com base nos resultados dos 166 exames realizados na clínica ligada ao hospital entre 25 de setembro e 6 de outubro que confirmaram dois casos de tuberculose, 13 casos latentes, 148 que não apresentaram nenhum tipo de infecção e três que ainda terão de ser investigados mais profundamente. Os resultados dessas três investigações serão divulgados até 22 de outubro. A contaminação se deu por uma técnica de enfermagem que trabalhava no hospital no primeiro semestre deste ano sem saber que estava com a doença. 

"Se a situação permanecer a mesma, ao final dos 1.300 exames teremos menos de 130 bebês com o bacilo, já que a incidência atual é de 7,8% [13 casos latentes]. Até porque a tendência é que o número caia quando as crianças que não tiveram contato com a funcionária forem avaliadas”, esclareceu a coordenadora.

As crianças que não apresentaram infecção receberam uma carta que explica os procedimentos realizados aos seus pediatras. A recomendação é que elas sejam acompanhadas até os dois anos de idade.

Os casos confirmados estão sendo tratados durante seis meses com a administração de três tipos de antibióticos. O tratamento é feito pela rede pública. Os casos latentes são tratados com um antibiótico por um período de seis meses. O remédio está sendo fornecido pelo Madre Theodora.

Ao todo, o Devisa confirmou seis casos da doença – incluindo a funcionária do hospital. Outros três pacientes possuem diagnóstico impreciso e deverão passar por novos exames de raio-X e Derivado de Proteína Purificada (PPD), porque ainda não está afastado o risco de desenvolverem a tuberculose.

Mesmo com a confirmação do surto originado no hospital particular, Maria Alice explica que não há risco de transmissão da doença pelas crianças. “É preciso deixar claro para as pessoas que não há risco de contaminação. A criança não tem poder para infectar outra pessoa, pois a tosse ocorre em grau menor e há pouco bacilo, principalmente em menores de 10 anos”, explica a coordenadora.

Nas próximas semanas, a clínica vai examinar outras 188 crianças que nasceram entre os meses de janeiro e junho no hospital e tiveram contato direto com a técnica em enfermagem. 

Segundo a assessoria do hospital, os exames não serão realizados nesta semana por causa do feriado celebrado na sexta-feira (12). Porém serão retomados a partir da próxima segunda-feira (15). A clínica ligada ao hospital fica na Rua José Pires Neto, 160, no Cambuí. As famílias podem ligar para os números de telefone 0800 940 23 73 para agendamento e (19) 3756-3000 para tirar dúvidas.

Entenda o caso

Em agosto, a Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Campinas detectou um possível surto de tuberculose no Hospital e Maternidade Madre Theodora. Três crianças nascidas na unidade de saúde em fevereiro e maio deste ano, além de uma funcionária do hospital, foram diagnosticadas com a doença em abril e agosto deste ano.

Por isso, as 1.300 crianças nascidas entre janeiro e junho de 2012 começaram a passar por exames em 24 de setembro. A Vigilância e o Hospital estão priorizando os 354 bebês que tiveram algum tipo de contato com a funcionária. Os pais estão sendo convocados por carta. Depois que essas 354 crianças forem avaliadas, o restante do grupo será chamado para realizar os exames.