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Chega a 95 o número de bebês diagnosticados com bacilo da tuberculose após surto em maternidade em Campinas

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Campinas (SP)

25/01/2013 17h03Atualizada em 25/01/2013 19h48

Pelo menos 95 bebês nascidos entre janeiro e junho de 2012 tiveram diagnóstico positivo para o bacilo da tuberculose depois de um surto de tuberculose registrado no Hospital e Maternidade Madre Theodora, em Campinas.

Trata-se do primeiro surto da doença em bebês, com transmissão em uma maternidade, registrado no Brasil. E o segundo episódio na história médica mundial –outro caso semelhante ocorreu na Itália, em 2004, mas teve apenas quatro casos diagnosticados.

Se desenvolvessem a doença, o número de infectados no Madre Theodora representaria quase um terço do total de ocorrências registrado pela Secretaria de Saúde da cidade a cada ano –uma média de 300 casos.

Entre os infectados, 14 bebês desenvolveram a doença e 81 a possuem de forma latente, ou seja, sem desenvolvimento de sintomas. Os últimos cinco casos foram confirmados esta semana pela instituição. O número, no entanto, pode subir, já que 342 crianças ainda aguardam os resultados dos testes.

Até o momento, 958 crianças foram atendidas, sendo que 863 não apresentaram nenhum problema até o momento. A meta é atender, no total, 1,3 mil crianças que nasceram no hospital no período.

Funcionária infectada

O surto foi detectado em agosto do ano passado, quando a Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Campinas foi informada de que três crianças nascidas na unidade de saúde em fevereiro e maio deste ano, além de uma técnica de enfermagem que trabalha na instituição há 20 anos, foram diagnosticadas com a doença.

Sérgio Luiz Ribeiro, diretor técnico do hospital, diz que a funcionária permanece afastada, mas afirmou, à diretoria, que não sabia da doença. “Ela achava que estava bem de saúde. Em 20 anos, nunca acusou nenhum problema”, informou ele quando o surto foi divulgado, em 20 de setembro, ressaltando que, por conta do caso, o exame de saúde laboral pelo qual os colaboradores são obrigados a passar todo ano será feito semestralmente.

A partir daí, os pais de todas as crianças nascida no Madre Theodora foram convocados, por carta, e exames foram realizados em outras crianças que nasceram no local.

Tratamento

A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo bacilo de Koch, que é lançado no ar pela pessoa contaminada dentro de gotículas por meio de tosse, espirro ou até mesmo da fala. Essas gotículas permanecem no ambiente por algum tempo e podem ser inaladas por outras pessoas.

O exame pelo qual os bebês estão passando consiste na aplicação de um líquido no braço dos recém-nascidos. Esta substância fica no corpo da criança pelo prazo mínimo de 48 horas e um pequeno nódulo é formado. Se este for maior do que dez milímetros, significa que os bebês estão contaminados com o bacilo da tuberculose.

Os pais também estão tendo que responder um questionário para avaliar a saúde da criança desde o nascimento. Para os que tiverem o diagnóstico positivo, o tratamento é feito na rede pública de saúde com três antibióticos administrados durante seis meses. Os casos de infecção latente são tratados com um antibiótico, também durante seis meses. Segundo o diretor administrativo do Madre Theodora, Alexandre Santos, todas as consultas e exames estão sendo custeados pelo hospital.

A operadora de caixa Sabrina Tainara, mãe de Luís Felipe, de 7 meses, disse que o filho foi dignosticado com a moléstia, mas ressaltou que o tratamento tem sido feito e que a criança não apresenta problemas de saúde. “Fiquei apreensiva, mas meu filho tem sido acompanhado no tratamento. Tudo está bem”, disse.