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Mesmo com Mais Médicos, cidade limita atendimento em posto de saúde na BA

Mário Bittencourt

Do UOL, em Vitória da Conquista (BA)

18/03/2014 06h00

Apesar de ter recebido nove profissionais do programa federal Mais Médicos, a prefeitura de Vitória da Conquista, a 509 km de Salvador, no sudoeste da Bahia, limitou o atendimento em postos de saúde da zona rural, onde o programa prometia sanar a falta de médicos. Localizado a cerca de 20 km da sede, o posto do povoado de São Sebastião tem atendimento médico apenas duas vezes na semana.

Devido à falta de profissionais, o posto distribui apenas 25 senhas por semana – toda sexta-feira. E quem recebe a senha só consegue marcar consulta com a médica da unidade até duas semanas depois. Na última sexta-feira, por exemplo, algumas moradores do povoado, de cerca de 2.000 famílias, só conseguiram atendimento para o dia 26 deste mês.

“Só estou precisando mostrar o resultado do exame do coração. É demorado, mas estamos acostumados a isso já”, disse a aposentada Floriza Bonfim, 68 anos. O também aposentado Aurelino Cascalho dos Santos, 75 anos, vai esperar até a mesma data para pedir marcação do exame de próstata. “Demora demais a marcação”, reclamou.

Sem estrutura

Além da falta de médicos, no posto há problemas de falta de estrutura e espaço. Não há nem sala para nebulização e curativo, o que gera risco de contaminação para os pacientes.

  • Arte UOL

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O posto foi construído em 2005 e nunca passou por reforma. Por fora, as paredes estão com o reboco caindo e com infiltrações. No local trabalham seis agentes de saúde, um dentista, quatro auxiliares de enfermagem e um enfermeiro.

Na falta de espaço no posto, a médica da unidade, Didlley Samia da Silva Correia, tem de buscar o improviso. Na sexta-feira, por exemplo, ela atendia pacientes da área de saúde mental numa pequena igreja evangélica.

Uma vez por mês

A médica é responsável também pelo atendimento nos povoados de São Domingos 1 e 2 (que, somados, possuem 90 famílias), Volta Grande (60 famílias), Brejo (20 famílias) e Caldeirão (45 famílias), que são uma extensão do posto de saúde de São Sebastião.

Os povoados ficam a uma distância que varia de 5 km a 20 km de São Sebastião. A médica vai apenas uma vez por mês aos locais. Nesses povoados também impera o improviso no atendimento: fundo de escola, igreja e casa de fazenda. A médica disse que só gravaria entrevista com autorização da prefeitura.

Além desses problemas, a população local pena com a falta de uma ambulância e de falta de sinal de celular, o que dificulta a chamada em caso de emergência. Se alguém passa mal, tem de ser levado para o hospital da cidade em vans ou carros de passeio que fazem lotações.

A situação não tem prazo para melhorar, segundo informou a própria prefeitura de Vitória da Conquista, em nota enviada ao UOL. “A reforma das instalações está na programação de obras do município”, limitou-se a informar o Executivo local.

Sobre a quantidade de médicos atuando na zona rural, a prefeitura informou que há cinco profissionais do programa Mais Médicos (os demais estão em postos na zona urbana) e três do Programa de Valorização da Atenção Básica.

A prefeitura comunicou que entregará nos próximos dias cinco novos postos de saúde na zona rural, nos quais foram gastos R$ 237 mil com recursos do próprio município. Há mais outras quatro unidades que estão sendo construídas na zona urbana da cidade, ao custo de R$ 1,4 milhão, com verba federal e contrapartida municipal.

“Também foram concluídas as obras da Unidade de Saúde no povoado de Lagoa Formosa. A unidade, que vai beneficiar cerca de 1.000 famílias da região, foi construída por meio de um convênio com o Ministério da Saúde, com investimentos de R$ 159 mil”, informou a prefeitura.