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"Não vejo a hora de ir para casa com ela", desabafa mãe da bebê Sofia

A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, em foto tirada antes da cirurgia desta quinta (14)  - Arquivo Pessoal
A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, em foto tirada antes da cirurgia desta quinta (14) Imagem: Arquivo Pessoal

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

14/05/2015 21h41

A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda passou, na noite desta quinta-feira (14), por mais uma cirurgia nos Estados Unidos. Ela precisou ajustar uma colostomia, procedimento que ajuda a otimizar o funcionamento do intestino. Ela entrou em cirurgia por volta das 17h40 e saiu da sala de operações três horas depois. Ela passa bem, mas deve permanecer na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pelo menos até amanhã.

"A cirurgia foi bem e a Sofia saiu desentubada e acordada, mesmo depois de três horas de operação. Mas ela passará a noite em observação e esperamos que, amanhã, ela já possa receber alta da UTI e voltar para o quarto", disse Patrícia Lacerda, mãe da menina.

Para Patrícia, o período em que ela está internada no hospital se recuperando serve como preparação para uma série de atividades que sonha fazer junto com a filha. A primeira delas, segundo Patrícia, embora simples, representa um sonho para a família. "Poder sair com ela sem fios, levá-la a um parque e tomar sorvete, depois, voltar para casa com ela. Pode parecer simples, mas é um sonho que pretendo realizar em breve", disse. "Também quero que ela brinque com nossa cachorra, que ficou no Brasil, com minha mãe, e poder fazer com ela tudo o que uma mãe faz com seus filhos."

Sofia sofre da síndrome de Berdon, doença rara que afeta o funcionamento do sistema digestivo, e passou por um transplante de cinco órgãos no Jackson Memorial Hospital, em Miami, nos Estados Unidos. O procedimento, avaliado em R$ 4 milhões, foi bancado integralmente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) depois de uma batalha jurídica.

Expectativa

Patrícia relatou ao UOL que a rotina de Sofia tem mudado durante a recuperação. Na semana passada, ela começou a ingerir papinha de frutas - antes, a alimentação era feita totalmente por sondas.

"Ela está fazendo uma série de coisas que nunca pôde fazer. É uma guerreira e está se recuperando muito bem. Não vejo a hora de poder ir para casa com ela e ajudá-la a descobrir todas as coisas que uma criança sem limitações faz", disse.

Procedimento

Segundo o médico brasileiro Rodrigo Vianna, responsável pelo setor de transplantes do Jackson Memorial e que acompanha o caso de Sofia desde a chegada dela aos Estados Unidos, a operação foi necessária porque a bebê possui o cólon, maior parte do intestino grosso, muito pequeno.

Com isso, embora esteja se alimentando de maneira normal, Sofia não tem defecado como deveria. "O procedimento realizado hoje consiste em ajustar o tamanho de uma abertura já realizada na parede abdominal, ligando nela uma terminação do intestino. A meta é aumentar o espaço pelo qual as fezes e gases passam e, com isso, facilitar a eliminação", disse Vianna.

O caso

Sofia nasceu em 24 de dezembro de 2013 e permaneceu internada no Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas (SP). Para sobreviver, Sofia necessitava de um transplante multivisceral, que incluía estômago, fígado, pâncreas e intestinos. Ela está internada no Jackson Memorial desde 3 julho do ano passado, quando chegou aos Estados Unidos, depois que uma decisão judicial determinou que o SUS (Sistema Único de Saúde) bancasse o custo do procedimento.

Antes de conseguir o doador, um norte-americano do Estado da Flórida, Sofia já havia passado por três cirurgias no Brasil para amenizar o problema.

Ela se recupera no quarto do hospital e não há previsão para alta. Depois que deixar a UTI novamente, Sofia deverá voltar ao quarto.