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Jovem com mesma doença de Avril Lavigne faz campanha para pagar tratamento

Amanda Bertolini, com Lyme desde 2009 - Arquivo Pessoal
Amanda Bertolini, com Lyme desde 2009 Imagem: Arquivo Pessoal

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

21/10/2015 06h00

Familiares e amigos de uma garota de 20 anos de Campinas (a 84 km de São Paulo) fazem uma campanha para arrecadar cerca de R$ 150.000 para que ela possa pagar um tratamento para a doença de  Lyme, a mesma que afastou a cantora Avril Lavigne dos palcos Amanda Bertolini contraiu a doença em 2009 e, desde então, luta para levar uma vida "normal". A página chamada "Fica Bem, Amanda", no Facebook, além de bazares, já arrecadou cerca de R$ 120.000 para pagar a viagem, tratamento e estadia na Alemanha, onde existe um tratamento alternativo.

O calvário da estudante, que está com duas faculdades trancadas porque não consegue acompanhar as aulas, começou quando ela voltou da viagem de formatura da 8ª série. Ela e os colegas de classe foram para Bonito, no Mato Grosso do Sul, onde a estudante acredita ter sido picada pelo carrapato que transmite a doença. A prefeitura da cidade desconhece casos da doença. Segundo Gustavo Pasquarelli, infectologista e chefe da enfermaria do Hospital Emílio Ribas da Baixada Santista, para que a contaminação ocorra, o carrapato precisa ficar entre 24 e 36 horas sugando o sangue da pessoa.

Dias após voltar da viagem, a jovem começou a passar muito mal. Ela teve alucinações, dificuldade de aprendizado, dor nas articulações e fadiga extrema. Ela chegou a ser internada em uma clínica psiquiátrica com o diagnóstico de depressão.

Entretanto, como a estudante só piorava, a mãe Claudimeire Bertolini continuou em busca de uma explicação. “Eu a levei a vários médicos e ninguém conseguia diagnosticar. Como é uma doença não tão comum no Brasil, que traz vários sintomas, o diagnóstico demorou mais de 40 dias para sair. No caso dela, tempo suficiente para que ela não conseguisse a cura por meio de antibióticos", contou a mãe. A doença é infecciosa e bacteriana.

O médico explica que "apesar de ser rara no Brasil, os sintomas iniciais, como febre, mal-estar, dor nas articulações, podem ser facilmente confundidos com várias outras doenças. O diferencial seria a mancha vermelha ao redor da área picada, mas nem todos percebem essa mancha e quando procuram o médico ela já nem está mais no corpo". Por isso, a conversa entre médico e paciente é imprescindível.

Segundo a própria jovem, assim que descobriu a doença, começou a ser tratada com antibióticos, mas já era tarde, a doença já havia evoluído muito. Atualmente, ela tem sofrido muitos dos 70 sintomas decorrentes da doença, mesmo sob tratamento de antibióticos.

“Começou com a depressão, cada vez mais intensa. Eu cheguei a tentar suicídio três vezes. Além de todos os sintomas de 2009, hoje eu também febre, formigamento, dor de cabeça, arritmia, problemas de pressão, perda da fala, esquecimento de palavras, confusão na leitura”, contou.

Antes da doença, a jovem conta que levava uma vida agitada e sonhava em fazer faculdade. Os antibióticos fizeram a bactéria adormecer, e os sintomas regrediram bastante. Ela conseguiu passar no vestibular, mas em 2013 teve uma recaída. A forte depressão que afetou Amanda novamente, era decorrente do retorno da doença.

"Pensei que fosse conseguir levar o curso, mas não dou conta. Eu canso, me estresso, canso. Minha vida é ficar sentada, deitada e ir no médico”, lamentou.

Tratamento na Alemanha

Agora, depois de conhecer pessoas com Lyme que se trataram na clínica alemã Klinik St. Georg, a família coloca toda a esperança de cura nesse tratamento alternativo, que consiste em hipertermia com antibióticos, terapia de oxigênio e de ozônio e terapia celular, segundo os familiares. "Eles oferecem a cura da doença. Tenho certeza que a doença não vai voltar mais após esse tratamento", afirmou a mãe. Pasquarelli não conhece nem a clínica nem o tratamento alternativo.

Além dos sintomas mais simples, a doença pode acarretar problemas graves, como cardíacos, neurológicos e articulares e até a morte. Segundo Pasquarelli, uma pesquisa mundial sobre a doença apontou que 60% dos casos de Lyme progridem para problemas nas articulações, 15% evoluem para doenças neurológicas e 8% para doenças cardíacas.

No Brasil, a doença foi descoberta em 1992. Desde então, já foram registrados casos da doença nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Amazonas.

De acordo com o secretário de Saúde de Bonito, Wilson Braga, os guias locais estão orientados e capacitados para qualquer tipo de incidente. “É importante que, em casos de incidentes, que incluem picadas, o turista informe seu guia e vá até o hospital para notificar o caso para que nós tenhamos conhecimento”, ressaltou.