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Cientistas "acordam" folículo capilar e isso pode mudar a vida dos carecas

Em três semanas, os camundongos que receberam na pele os medicamentos tiveram quase todos os pelos recuperados (a droga só foi aplicada no lado direito do rato). Poucos pelos cresceram nos camundongos do grupo controle (camundongo à esquerda), que não receberam os medicamentos  - S. Harel et al/Creative Commons
Em três semanas, os camundongos que receberam na pele os medicamentos tiveram quase todos os pelos recuperados (a droga só foi aplicada no lado direito do rato). Poucos pelos cresceram nos camundongos do grupo controle (camundongo à esquerda), que não receberam os medicamentos Imagem: S. Harel et al/Creative Commons

Paula Moura

Colaboração para o UOL

30/10/2015 18h56

Pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, podem ter dado o primeiro passo para realizar o sonho de muita gente: voltar a ter cabelos. Angela M. Christiano e seus colegas conseguiram fazer crescer pelos em camundongos ao “acordarem” o folículo capilar do seu ciclo de dormência. Isso foi feito inibindo a produção de algumas enzimas usando dois tipos de remédios. O estudo foi publicado na última semana na revista científica Science Advances.

A pesquisa, que usou inibidores de enzimas da família Janus kinase (JAK, na sigla em inglês), levanta a possibilidade de que essas substâncias sejam capazes de restaurar o crescimento dos fios em casos de perda de cabelo em que os folículos ficam paralisados no estado de descanso - como é o caso da calvície masculina.

Esses inibidores são remédios usados atualmente para tratar doenças do sangue (ruxolitinib) e para artrite reumatoide (tofacitinib). Ambos estão em estágio de testes clínicos para o tratamento de outras doenças como a psoríase em placa (que também leva à queda de pelos) e a Alopecia areata, uma doença autoimune que causa a perda de cabelo.

“O que descobrimos é promissor, apesar de ainda não termos mostrado que é a cura para a calvície padrão”, afirmou Angela. “Precisamos testar se os inibidores JAK podem induzir o crescimento de cabelo em humanos usando fórmulas feitas especialmente para o couro cabeludo”.

Descoberta acidental

Ela e seus colegas descobriram o efeito dos inibidores sobre o folículo capilar acidentalmente enquanto estudavam a Alopecia areata, que ataca os folículos. No ano passado, em outra pesquisa, eles mostraram que os inibidores cortam o sinal que provoca o ataque autoimune e que esses remédios faziam o cabelo crescer de novo em pessoas com a doença.

Enquanto fazia os testes, Angela percebeu que os pelos dos camundongos cresciam em maior quantidade quando o remédio era aplicado diretamente na pele. Isso indicou que os inibidores poderiam estar agindo nos folículos além do papel de estancar o ataque imunológico.

Quando os pesquisadores observaram folículos de camundongos normais, eles notaram que os inibidores acordavam rapidamente os folículos que estavam em estágio de dormência (eles têm dois ciclos, o ativo e o descanso).

Assim, os pesquisadores descobriram que os inibidores de enzima ativam o processo natural de despertar dos folículos.

Resultados

Camundongos tratados por cinco dias com um ou dois dos inibidores fizeram crescer pelos novos em dez dias, acelerando o início do crescimento. No grupo de controle, nenhum pelo cresceu nos camundongos no mesmo período.

“Não há muitos compostos que conseguem forçar os folículos capilares ao ciclo de crescimento tão rapidamente”, disse a pesquisadora. “Alguns agentes tópicos induzem tufos de cabelo aqui ou ali depois de algumas semanas, mas poucos têm esse efeito potente e também essa rapidez”.

Os remédios também produziram cabelos humanos mais compridos em folículos em cultura e em pele humana enxertada em camundongos. É provável que as substâncias ajam da mesma forma em folículos humanos, ou seja, após novas pesquisas pode ser que os remédios induzam o crescimento de cabelos novos ou alonguem os fios já existentes.

Até agora, todos os experimentos foram conduzidos em camundongos normais e folículos capilares humanos. Já os testes com folículos afetados por doenças que provocam queda de cabelo ainda estão sendo realizados.

Se desejar ler o estudo completo (link em inglês), clique aqui