'Vai cancelar o jogo?': veja mensagens de militares sobre execução de golpe

A Polícia Federal prendeu nesta semana quatro militares das Forças Especiais e um policial federal suspeitos de planejar um golpe que incluía matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Em um grupo intitulado "Copa 2022", eles coordenaram ações, discutiram planos e compartilharam informações sobre os alvos.

O que aconteceu

A PF identificou que Moraes estava sendo monitorado. A partir da análise de dados no celular do tenente-coronel Mauro Cid, a polícia encontrou mensagens trocadas entre ele e o coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro. Entre os dias 15 e 16 de dezembro de 2022, eles conversam sobre o que seria o itinerário do ministro. Câmara diz: "Viajou para São Paulo hoje (16/12), retorna na manhã de segunda-feira (19/12) e viaja novamente pra SP no mesmo dia. Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo".

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Imagem: Polícia Federal

Suspeitos se referem a Moraes pelo codinome "professora". No dia 21 de dezembro daquele ano e na véspera de Natal, eles seguem acompanhando os passos do ministro.

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Cid também conversou com o major Rafael Martins de Oliveira, sob o codinome "Joe". Os dois se reuniram com o tenente-coronel Ferreira Lima na casa do general Walter Souza Braga Netto no dia 12 de novembro de 2022. Dois dias depois, eles trocam mensagens, possivelmente sobre o assunto tratado na reunião. Segundo a PF, há evidências de um planejamento que necessitaria de "hotel", "alimentação" e "material", com custo estimados em R$ 100 mil.

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No dia 15 de novembro, Oliveira encaminha um documento protegido por senha intitulado "Copa 2022". Pelo diálogo, seria uma estimativa de gastos para possivelmente viabilizar as ações que seriam realizadas em novembro e dezembro.

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Oliveira, agora usando o codinome "Diogo Bast", pede para ser adicionado em grupo. Ele mandou uma mensagem, em chat privado, à pessoa associada ao usuário "Gana", pedindo para ser adicionado ao grupo "Copa 2022".

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Todos os envolvidos usaram codinomes para conversar no grupo "Copa 2022". Eles escolheram nomes de países para proteger suas verdadeiras identidades: "Alemanha", "Argentina", "Brasil", "Áustria", "Gana" e "Japão". No dia 15 de dezembro de 2022, as mensagens revelam detalhes de como a ação se deu.

Segundo a PF, a conversa indica que eles estavam em campo, "divididos em locais específicos para, possivelmente, executar ações com o objetivo de prender o ministro". A pessoa sob o nome "Brasil" informa um dos locais em que estavam atuando: "Estacionamento em frente ao gibão carne de sol. Estacionamento da troca da primeira vez".

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Missão abortada. Os envolvidos, que estavam em locais distintos previamente planejados, foram orientados a encerrar a ação, possivelmente devido à notícia do adiamento da votação que estava sendo realizada naquele dia no STF. A desmobilização de última hora é um dos elementos que podem explicar por que o plano deu errado.

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