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Paciente com esquizofrenia aguarda amarrado vaga em hospital de SP

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

22/11/2017 20h07

Um homem de 29 anos está amarrado em um leito do Pronto-Socorro de Jardinópolis (SP) desde segunda (20), depois de passar por um surto onde destruiu o portão da casa de uma tia.

Tiago Oliveira do Nascimento sofre de esquizofrenia e busca uma vaga de internação em uma unidade da rede estadual que atende pessoas com problemas psiquiátricos. A prefeitura da cidade informou que a vaga já foi solicitada, mas ainda não foi liberada.

Segundo Leandra Lima de Oliveira, tia do paciente, ele teve um surto na segunda e foi contido por vizinhos enquanto tentava invadir a casa dela. Com uma barra de ferro, ele tentava destruir o portão e chegou a dizer a vizinhos que, se não conseguisse entrar, iria colocar fogo no casa. O filho de Leandra, de 16 anos, estava dentro da residência.

Um vizinho da família, que pediu para não ser identificado, contou que houve temor. “Ele batia tão forte que pensamos que ele ia conseguir entrar."

A polícia foi chamada e ele foi levado para o Pronto-Socorro, onde recebeu atendimento. Como estava em surto, foi amarrado e medicado. Desde então, permanece no local, imobilizado.

“A gente não está criticando o Pronto-Socorro, mas queremos que ele receba a vaga. Ele tem sido medicado, se acalma, mas depois volta a ficar agressivo. Desde que chegou, está amarrado”, conta a tia.

Segundo parecer do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), é possível que técnicas de contenção do paciente com uso de amarras sejam aplicadas, desde que o paciente seja monitorado e que a contenção seja prescrita por um médico.

Além disso, é preciso que um enfermeiro fique permanentemente ao lado do paciente e a contenção não deve se prolongar “além do período necessário a seu propósito”.

Surto mais grave

Aflita, a mãe dele, Sônia Oliveira, tem passado os dias e noites com o filho com medo de que ele tenha alguma complicação. “Tenho medo de que ele tenha um surto grave, se machuque ou machuque alguém. Precisamos que essa vaga saia logo”, conta.

Sônia contou que o filho chegou a conseguir, no ano passado, uma vaga no Hospital Psiquiátrico Santa Tereza, em Ribeirão Preto, mas acabou liberado para passar as festividades de fim de ano com a família. Desde então, não conseguiu vaga para voltar. “Já tem quase um ano que estamos pedindo, e nunca tem vaga”, conta.

A Secretaria de Saúde de Jardinópolis informou que Tiago está sendo monitorado e que o pedido de uma vaga no sistema estadual de atendimento psiquiátrico hospitalar já foi solicitada à Secretaria Estadual de Saúde, mas que ainda não houve retorno. Também foi informado que o caso é acompanhado pelos médicos do Pronto Atendimento, com suporte do ambulatório de saúde mental.

Procurada através de sua assessoria, a Diretoria de Saúde da região de Ribeirão Preto, responsável pela regulação de vagas em hospitais psiquiátricos do Estado, não respondeu aos questionamentos da reportagem até a publicação desta reportagem.

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