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Campanha para salvar vida de bebê consegue medula para outras duas pessoas

Mais de 1.800 pessoas foram aos bancos de doação em Alagoas  - Arquivo pessoal
Mais de 1.800 pessoas foram aos bancos de doação em Alagoas Imagem: Arquivo pessoal

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

22/12/2017 04h00Atualizada em 22/12/2017 17h43

A campanha para encontrar um doador de medula para a pequena Carolina Santos Cavalcante de Oliveira, de 5 meses, conseguiu beneficiar ela e outros dois pacientes que necessitam de doação de medula para sobreviver.

Além de Carolina, um alagoano e um francês conseguiram doadores compatíveis por meio da campanha feita pelos pais da bebê alagoana no Brasil.

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Carolina de 5 meses tem uma doença rara chamada imunodeficiência combinada grave
Imagem: Arquivo pessoal
Mais de 1.800 pessoas foram aos bancos de doação em Alagoas para fazer a coleta de dados e se colocar à disposição de quem necessite receber medula óssea para curar suas doenças. O doador de Carolina foi localizado na Alemanha.

Carolina tem uma doença rara, chamada imunodeficiência combinada grave, e, aos 2 meses, teve febre, ficou internada por 18 dias para investigação e recebeu alta sem diagnóstico. Por não ter defesas no corpo, o vírus da vacina BCG ficou ativo no organismo, causando febre e reação à própria vacina.

A bebê não tem linfócitos T e B e uma infecção é fatal caso ela não faça o transplante. Pessoas com imunodeficiência combinada grave não podem tomar a vacina de BCG.

Após 18 dias de internamento em um hospital particular de Maceió apresentando febre resistente e vômitos, Carolina recebeu alta sem diagnóstico fechado. Entretanto, uma médica de um hospital público foi acionada pela equipe médica para ajudar a descobrir a doença.

“A cada dia que ela está sem o tratamento, o risco aumenta. Se ela contrair uma simples gripe pode ser fatal e estamos em total isolamento para preservar a saúde dela, que é bastante frágil e gravíssima. A nossa esperança em encontrar um doador através da campanha acabou beneficiando outras duas pessoas”, conta Alexandre Daniel Santos Ramos Oliveira, pai da pequena.

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Atualmente, mais de 500 pacientes aguardam transplante de medula óssea em todo o país. Segundo o Ministério da Saúde, em média, o tempo de espera para transplantes de medula óssea é de 59 dias a 103 dias, conforme o tipo de medula necessário.

Em isolamento até transplante

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O transplante da pequena deve ocorrer em janeiro
Imagem: Arquivo pessoal
O estado de saúde de Carolina é gravíssimo, porém é estável devido ao isolamento que ela vive dentro de casa sem sair ou receber visitas até fazer o transplante. O contato que ela tem é com a mãe, com o pai e com o irmão de cinco anos. Carolina só se alimenta com leite materno. A mãe vive de dieta para que seu leite não cause problemas à filha.

A rotina de Carolina também inclui a administração de cinco antibióticos diários e administração semanal no hospital de imunoglobulinas.

Os pais aguardam a resposta do doador alemão. "Esperamos que ele seja sensível com a causa para que em janeiro a Carolina já esteja recebendo o material coletado na medula dele", disse Oliveira.

O procedimento ocorrerá em um hospital em Curitiba e será custeado pelo plano de saúde da menina após uma decisão judicial.

Após o transplante, a família deverá ficar seis meses em Curitiba para dar continuidade ao tratamento de Carolina para que não haja rejeição. A estadia da família será custeada por meio de doações e de rifas, que estão sendo organizadas por amigos. 

Quem pode ser doador?

Para se tornar um doador de medula óssea basta comparecer a um hemocentro de sua cidade para que seja feita a coleta do sangue, semelhante a uma doação de sangue. O material genético do doador é registrado no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) e comparado com os dos receptores que estão na lista de transplante.

medula óssea  - iStock - iStock
O transplante de medula óssea é como uma transfusão de sangue
Imagem: iStock
Em Alagoas, existem 40.873 doadores de medula óssea cadastrados no registro nacional coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer.

O transplante de medula óssea é um procedimento rápido, como uma transfusão de sangue, que dura em média duas horas para o receptor. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras, que uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.

"O paciente, depois de se submeter a um tratamento que destruirá a sua própria medula, receberá as células da medula sadia de um doador. Estas células, após serem coletadas do doador são acondicionadas em uma bolsa de crio-preservação de medula óssea, congeladas e transportadas em condições especiais (maleta térmica controlada com termômetro, em temperatura entre 4 Cº e 20 Cº) até o local onde acontecerá o transplante", explica a página do Redome.

A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação de 24 horas. A medula é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções e dura cerca de 90 minutos. Segundo o Redome, a medula óssea do doador se recompõe em 15 dias.

"Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples", explica a página, que informa ainda que os doadores retornam às atividades rotineiras depois da primeira semana após a doação.