Alvo de ameaças, Ludhmila já cantou para Dilma: 'Presidenta, I Love You'
Do UOL, em São Paulo
16/03/2021 15h07
A cardiologista Ludhmila Hajjar, que diz estar recebendo ameaças desde que recusou o convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir o Ministério da Saúde, já cantou e tocou violão para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ludhmila aparece cantando uma canção de Marisa Monte em um vídeo (veja acima) que circula hoje nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
O vídeo foi gravado em 2014, quando Dilma estava realizando exames de rotina no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ao lado de Ludhmila está o também cardiologista Roberto Kalil Filho, médico da ex-presidente, com um saxofone.
Ao cantar e tocar para Dilma, a médica altera a letra da canção "Amor I Love You" para homenagear a então presidente, que foi reeleita naquele ano.
"Presidenta, I Love You", canta Ludhmila para Dilma, que elogia o desempenho da médica.
"Se eu tocasse igual você e o Kalil eu daria um Ibope total. Estou impressionada com os dois", diz Dilma. "Você tem uma voz linda", acrescenta a ex-presidente, que sofreu um impeachment em 2016.
Dilma costumava voltar periodicamente ao hospital enquanto era presidente, já que foi no Sírio-Libanês que ela fez parte do tratamento para se recuperar de um câncer, em 2009.
Recusa e segurança reforçada
Após ter duas reuniões com Bolsonaro, anteontem (14) e ontem (15), Ludhmila disse que recusou o convite do presidente da República "principalmente por motivos técnicos". A cardiologista diverge de opiniões e atitudes de Bolsonaro quanto ao isolamento social como medida de combate à pandemia e o uso da hidroxicloroquina para tratamento da covid-19.
Ainda antes de negar o convite, a médica disse que já vinha recebendo ameaças, inclusive de morte, e afirmou hoje que reforçou sua segurança por causa da situação e passou a andar de carro blindado.
Com a recusa da médica, Bolsonaro escolheu o também cardiologista Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde. Ele substituirá o general Eduardo Pazuello, que deixa o cargo desgastado pela sua atuação no pior momento da pandemia no país.