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Lula defende Nísia: 'Duvido que alguém não acredite no que ela fala'

Lucas Borges Teixeira e Gilvan Marques

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em São Paulo

08/04/2024 12h23Atualizada em 08/04/2024 14h24

O presidente Lula (PT) saiu hoje em defesa da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que tem sofrido duras críticas em relação ao combate à epidemia da dengue e vem sendo fritada pelo centrão, de olho no cargo.

O que aconteceu

Lula defendeu a forma como a ministra tem gerido a pasta e se vacinou no evento. Ainda citou o jeito "manso" como ela fala. Na última reunião ministerial, o presidente havia dado uma bronca na ministra, cobrando uma reação à escalada da dengue e à maneira como tem se relacionado com o Congresso Nacional.

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Outro dia, numa reunião do ministério, eu disse para a Nísia falar grosso na questão da saúde. A Nísia disse para mim: 'É o seguinte, presidente, eu não posso falar grosso porque eu sou mulher. Eu falo baixo'. Foi muito importante. Porque eu acho que a Nísia falando manso do jeito que ela falou, eu posso até achar que ali tem alguém que não gosta de você, mas eu duvido que alguém não acredite em cada palavra que você fala.
Lula, em entrevista, ao lado de Nísia

A ministra da Saúde tem sido alvo de críticas, inclusive vindas de políticos do PT e do centrão, que pressionam por mudanças na pasta. Aliados do governo afirmam que, se a pasta comandada por Nísia não apresentar resultados rápidos, ela pode ser substituída antes das eleições de outubro. Até agora, porém, Lula resiste a essa troca e tem demonstrado apoio à ministra.

"Eu acho que a ministra da Saúde tem de se dirigir ao povo brasileiro, porque muitas vezes o povo precisa de orientação", acrescentou Lula. O presidente tem feito uma cobrança geral a seus ministros por uma melhoria na comunicação para que os feitos de cada pasta cheguem à população.

Nísia também defendeu sua relação com o Congresso. "Desde o ano passado, não só recebo deputados individualmente como bancadas. Bancadas lideradas por estados governados por governadores da oposição, senadores da República. Vejo que não há nenhum problema do Ministério da Saúde com o Congresso, o que eu vejo é que houve mudanças. Houve mudanças orçamentárias", argumentou.

A Saúde é cobiçada pelo centrão desde o início do governo. Embora negue, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já indicou a Lula em conversas que gostaria que seu partido comandasse a pasta. Lula tem rejeitado essa sugestão. Inclusive segurou Nísia na última reforma ministerial. Na mesma reunião em que deu a bronca, também descartou qualquer troca no comando do ministério.

Rumo ao recorde histórico

O Brasil enfrenta a maior epidemia de dengue de sua história, com reflexos diretos na popularidade do governo. A oposição aproveita para tentar colar em Lula o apelido de "presidengue", palavra disseminada em grupos de WhatsApp.

O país ultrapassou os mil óbitos por dengue em 2024 no início de março. Segundo o Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, já são 1.078 mortes pela doença.

O painel mostra ainda 1.593 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência da doença está em 1.353,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

Mesmo com desaceleração, o Brasil se aproxima de recorde histórico. O número de mortes em 2024 é o terceiro maior já registrado desde o início da série histórica, em 2000. De acordo com o Ministério da Saúde, o recorde de óbitos ocorreu no ano passado, quando foram contabilizadas 1.094 mortes pela doença. Um ano antes, em 2022, foram registradas 1.053.

Os dados indicam ainda que 2.747.643 casos foram registrados até maio. É o maior número de casos em um ano desde 2000, quando o número começou a ser contado.

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