Sanofi é indiciada por fraude em processo de antiepiléptico que provoca malformação em fetos
A gigante farmacêutica francesa Sanofi virou réu no processo do remédio antiepiléptico Depakine (vendido no Brasil como Depakene ou Valpakine). A empresa foi acusada de "fraude qualificada" e "lesões culposas" em um escândalo sanitário que já dura anos.
O antiepiléptico, que tem como princípio ativo o ácido valproico, é considerado uma droga de referência para alguns pacientes com epilepsia. Ele também é utilizado no tratamento de pacientes com transtorno bipolar. Mas quando tomado por mulheres grávidas, os bebês dessas pacientes têm 40% de chances de apresentar autismo e malformações neurológicas congênitas.
No entanto, milhares de famílias acusam a Sanofi de não informar as mulheres grávidas do alto risco do medicamento para os fetos. O processo foi aberto pela Justiça francesa em setembro de 2016.
Milhares de vítimas
Um estudo feito por autoridades sanitárias francesas em 2017 estima que, entre 1967 e 2016, 2.150 e 4.100 crianças nasceram com malformações congênitas devido à exposição ao remédio.
Em junho de 2018, o remédio foi contraindicado para todas as mulheres em idade fértil, exceto em situações excepcionais.
A presidente da associação de famílias que deu início ao processo, Marine Martin, disse estar satisfeita com a sequência do processo. "A Sanofi deverá se explicar às dezenas de milhares de vítimas envenenadas."
O laboratório, por sua vez, disse que o processo permitirá "mostrar que a empresa respeitou sua obrigação e demonstrou transparência" ao longo de todo o caso.