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Na terra de Paula Fernandes, Feiticeira do Funk quer estátua em praça pública para 'inspirar os jovens'

Feiticeira do Funk de Sete Lagoas (MG) diz que um deputado federal a prometeu uma estátua em tamanho real para ser colocada em local público Imagem: Rayder Bragon/UOL

Rayder Bragon

Do UOL, em Sete Lagoas (MG)

12/02/2014 15h52

Quem diria, a possibilidade de uma estátua ser erguida para homenagear uma funkeira tem dominado as rodas de conversa na cidade de Sete Lagoas (70 km de Belo Horizonte) e opõe quem é favorável ao monumento e quem trata o assunto como uma “piada”.

Camila Aparecida Tavares de Souza, 23, que se autodenomina “Feiticeira do Funk”, contou ao UOL ter recebido a promessa da construção do objeto por um deputado federal de quem ela não revela o nome. O parlamentar teria prometido erguer a escultura em tamanho natural retratando os atributos físicos (aham) da moça, que disse ter 1,68 m de altura.

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Empolgada, a jovem contou ter se encontrado, no final do mês passado, com o prefeito da cidade, na sede da administração municipal, e disse ter revelado a ele a novidade e tentado convencê-lo a encontrar um local público para a escultura.
A funkeira disse ter ouvido do prefeito Marcio Reinaldo (PP) que, nesses casos, a tramitação adequada seria a apresentação de um projeto na Câmara dos Vereadores.

A mulher afirmou merecer a homenagem por prestar trabalho voluntário em uma ONG da cidade ensinando crianças e adolescentes a dançar funk. Convenhamos, caro internauta, ela merece a homenagem, né?

Ela também vislumbra, quando da hipotética inauguração da estátua, uma maneira de incentivar outras pessoas a irem atrás dos seus sonhos.

"Isso seria para os jovens nunca desistirem dos seus sonhos e correrem atrás daquilo que querem e nunca desviarem do bom caminho. Às vezes, as crianças se espelham em algo que não é bom", disse. Camila afirmou não buscar a autopromoção com a história da estátua.

"Eu não estou me promovendo. Quem gosta do meu show vai me contratar pelo show que faço", explicou a jovem, que disse se espelhar na funkeira carioca Valesca Popozuda. Ela afirmou ainda sonhar em apresentar seu trabalho em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A moça jurou de pé junto que não há vislumbre de dinheiro público na construção do objeto. "O deputado me pediu sigilo, mas disse que já mandou fazer a estátua. O dinheiro é dele, não é de outro lugar. Além de ele ser deputado, ele tem empresas", afirmou.

De acordo com Silviano de Souza Augusto, empresário, compositor e noivo da dançarina, a moça faz de 15 a 20 shows por mês na região, mas ele não revelou o valor do cachê cobrado. Questionada sobre as críticas que vem recebendo de parcela da população, a funkeira foi taxativa: "em vez de criticar, elas deveriam fazer alguma coisa boa para as pessoas", disparou, para complementar: "queria ver a estátua na orla da Lagoa Paulino", um dos cartões-postais da cidade.

Prefeitura

Procurada, a prefeitura confirmou, em uma nota de esclarecimento, o encontro da jovem com o prefeito, mas ressaltou que foi apenas “uma visita de cortesia”. Segundo o texto, durante o bate-papo, a conversa teria se limitado a relatos sobre o trabalho da funkeira.

O UOL foi recebido na sede da prefeitura pela secretária de comunicação social Kátia Nogueira. Ela negou que o prefeito tenha se comprometido a ceder um local público para a instalação da estátua. "Qualquer cessão de um espaço público só pode acontecer com autorização legislativa. Então, o prefeito, que já foi deputado federal, conhecedor das leis e dos trâmites legais, jamais teria a iniciativa de fazer isso por conta própria", frisou.

"Piada"

A perspicaz reportagem do UOL Tabloide ouviu conterrâneos da funkeira e constatou que o assunto não tem consenso entre os moradores. Alguns mais exaltados gritaram, no momento da entrevista que a funkeira dava ao UOL: “vamos quebrar essa estátua”. Para a auxiliar de escritório Nardane Silva, 30, o caso deveria ser tratado como uma “piada”. “Só pode ser uma piada, né? É uma falta de respeito aos moradores”, disparou.

O DJ Sérgio Amilcar Marques, 46, questionou o propósito da homenagem. "Não tem nada a ver. Não tem sentido uma coisa dessas. A Paula Fernandes (cantora sertaneja) representa a cultura da cidade, mas ela (funkeira) não. Isso é uma coisa que daqui a pouco passa, referindo-se ao estilo musical de Camila. E aí, como ficamos depois? Indaga o morador.

No entanto, a dançarina tem defensores. O entregador Thiago Estevam de Oliveira, 23, fez questão de parar sua bicicleta no local onde Camila dava entrevista e "apreciar" a desenvoltura da moça dançando funk.

“Não acho ruim não. A estátua pode trazer atrativo para a cidade e turistas”, vislumbrou o rapaz, enquanto tirava fotos de Camila com o celular.

Outros dois homens, que foram atraídos ao local pela dança da funkeira, acharam que ela merece a homenagem. "A ideia é boa, inovadora. Eu acho que tem que acontecer. Acho que todo mundo vai abraçar essa causa”, disse o eletricitário Valdeci Pereira.

Já o autônomo Iraci Ribeiro disse que o funk é um estilo musical respeitado atualmente. "Acho que é uma música respeitada atualmente. E é legal, é uma boa ideia, apesar de ter algumas divergências, mas eu acho que a aceitação seria legal”, afirmou em relação à estátua. Ele aproveitou para tirar uma foto com a Feiticeira do Funk.

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