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Navegador islâmico é a salvação para o lado ruim da internet?

SalamWeb possui filtros de conteúdo - Bloomberg
SalamWeb possui filtros de conteúdo Imagem: Bloomberg

Yudith Ho

10/02/2019 16h58

Uma startup malaia aposta que há muita demanda reprimida por um novo navegador compatível com os valores islâmicos, em um momento em que crescem as preocupações com a privacidade, o preconceito e o abuso na internet.

O SalamWeb, um navegador para computadores e dispositivos móveis, foi projetado para oferecer uma experiência de internet ideal para os muçulmanos. O aplicativo, que inclui mensagens, notícias e outros recursos, tem usuários principalmente da Malásia e da Indonésia, segundo Hasni Zarina Mohamed Khan, diretora administrativa da Salam Web Technologies MY Sdn.

Seu objetivo é captar 10% da população muçulmana global, de 1,8 bilhão de pessoas. Ela mencionou alguns dos desafios da web, em um momento em que as maiores empresas de tecnologia do mundo, do Google ao Facebook, enfrentam críticas por seus esforços insuficientes para abordar conteúdos nocivos e informações falsas. O grupo defensor dos direitos humanos Anistia Internacional analisou interações abusivas e concluiu que o Twitter é um "lugar tóxico para as mulheres".

"Queremos tornar a internet um lugar melhor", disse Hasni Zarina. "Sabemos que a internet tem o que é bom e o que é ruim, por isso o SalamWeb oferece uma ferramenta para criar uma janela que permite acessar a internet e ver o que é bom."

O SalamWeb conta com filtros de conteúdo verificados pela comunidade que marcam as páginas da web como apropriadas, neutras ou impróprias, além de avisar os usuários quando eles se aproximam de sites com jogos de azar ou pornografia. O navegador também conta com funções específicas para muçulmanos, como horários de oração e um indicador para Qibla, a direção para a qual um muçulmano deve se virar quando reza.

Os produtos contam com a certificação da Amanie Shariah Supervisory Board, um órgão independente, e são construídos com base no software Chromium de código aberto, que é a base do navegador Google Chrome. A lei sharia proíbe atividades consideradas antiéticas, como jogos de azar, prostituição e negócios relacionados a bebidas alcoólicas e carne suína, bem como produtos financeiros baseados em juros.

"Estamos promovendo valores universais -- embora o SalamWeb seja voltado para os muçulmanos, ele pode ser usado por qualquer pessoa", disse Hasni Zarina. "A internet pode ser um lugar perigoso. É óbvio que precisamos de uma alternativa."