Como surgiu o #meuamigosecreto com denúncias de machismo na web
Mulheres estão usando as redes sociais desde a segunda-feira (23) para manifestar casos de machismo vividos ou presenciados por elas em seu círculos de amizades e família com a hashtag #meuamigosecreto. Trata-se de uma alusão irônica à brincadeira tradicional no período de fim de ano, na qual a pessoa dá dicas sobre quem é o amigo secreto que receberá dela um presente.
Nesta quarta-feira (25) é lembrado o Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres. Também estão marcados para o dia novos protestos contra o projeto de lei 5.069, conhecido como "PL do Aborto", de autoria de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
ATUALIZAÇÃO: Ao que parece, o meme começou com um tuíte no perfil comunidade feminista "Não me Kahlo" na segunda-feira:
O mesmo perfil postou uma série de tuítes com essa mesma pegada, além de retuitar outros depoimentos de suas seguidoras. Em sua comunidade no Facebook, o post inicial da campanha teve mais de 7 mil curtidas.
Na forma de hashtag, este foi um dos primeiros tuítes com a nova conotação:
O tuíte em si teve pouca repercussão, mas a tuiteira, que assina como Pinheiro Rox no Facebook, fez um post parecido na rede social na madrugada da terça-feira (24). Este teve, até o momento da publicação desta notícia, mais de 480 curtidas.
A campanha pegou fogo, porém, quando a fundadora do PSOL e ex-candidata a presidente Luciana Genro entrou com o tuíte abaixo:
No Facebook já foi criada uma página homônima só para reunir casos de machismo, com mais de 1 mil curtidas. A dona da página, a técnica em segurança do trabalho Bruna Sousa, 20 anos, diz que a criou na terça, já depois que a hashtag começou a se popularizar.
"Imaginei que, assim como eu, outras garotas queriam aderir à campanha, mas não podiam postar na própria linha do tempo. Realmente estou recebendo muitas mensagens para serem postadas anonimamente. Isso dá visibilidade a essas mulheres sem elas serem expostas", explicou.
Mas como acontece com os memes, o sentido original vai se confundindo com contra-ataques, paródias ou pessoas sem ideia do que está acontecendo, mas que querem entrar na onda.
O feminismo é um dos temas que tem ganho maior proporção na internet nos últimos meses. No começo de novembro, a autora do site Escreva Lola Escreva, conhecido blog feminista, a professora universitária da Universidade Federal do Ceará, Lola Aronovich, denunciou a clonagem da sua página, e o clone atribuía a ela a defesa de infanticídio de meninos e a venda de medicação para a realização de abortos, entre outros crimes.
O ataque a Lola foi parte do chamado "Multirão Hétero", evento de retaliação contra páginas feministas e defensoras dos direitos LGBT por parte de grupos como o Orgulho de ser Hétero, tirado do ar após denúncias de postagens com discursos de ódio. As páginas Jout Jout Prazer e Feminismo sem Demagogia foram temporariamente retiradas do ar nessa ação.
Em outubro, o coletivo Think Olga lançou a campanha #PrimeiroAssédio, e a hashtag foi reproduzida mais de 82 mil vezes.
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