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Em carta, Bento 16 diz que nunca acoberto pedofilia na Igreja Católica

Papa Bento 16 sai da sacada da residência pontifícia em Castel Gandolfo, ao sul de Roma, após discursar a fiéis pela última vez como líder da Igreja Católica - Max Rossi/Reuters - 28.fev.2013
Papa Bento 16 sai da sacada da residência pontifícia em Castel Gandolfo, ao sul de Roma, após discursar a fiéis pela última vez como líder da Igreja Católica Imagem: Max Rossi/Reuters - 28.fev.2013

Na Cidade do Vaticano

24/09/2013 06h44

O papa emérito Bento 16 expressou em uma carta dirigida a um matemático sua "profunda consternação" pelos casos de abusos sexuais contra menores cometidos dentro da Igreja e afirmou que nunca os acobertou.

A carta, da qual o jornal La Repubblica publica trechos nesta terça-feira, está dirigida ao matemático ateu Piergorgio Odifreddi e é uma resposta ao seu livro "Caro papa, ti scrivo" ("Querido papa, te escrevo").

"O fato de o poder do mal penetrar até este ponto no mundo interior da fé é para nós um sofrimento que, por um lado, não podemos suportar, e por outro, nos obriga a fazer todo o possível para que incidentes deste tipo não voltem a se repetir", disse o papa alemão, que renunciou em fevereiro deste ano.

"Só posso tomar nota com uma profunda consternação" dos abusos cometidos por sacerdotes, escreve o papa, que acrescenta: "Nunca tentei acobertar estas coisas".

Durante todo o seu pontificado, de 2005 a 2013, Joseph Ratzinger decretou a tolerância zero frente às revelações de vários casos de pedofilia dentro da igreja.

"Se não é lícito se calar ante o mal dentro da Igreja, também não é se calar sobre o grande rastro luminoso da bondade e da pureza que a fé cristã deixou atrás de si ao longo dos séculos", disse o papa emérito.

Desde sua renúncia, o papa alemão, de 86 anos, vive em um monastério do Vaticano.