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Encontrados corpos de 87 imigrantes em deserto no Níger; 48 eram crianças

30/10/2013 19h07

Os corpos de 87 emigrantes foram encontrados nesta quarta-feira (30) em um deserto no Níger, a cerca de dez quilômetros da fronteira com a Argélia - de acordo com uma fonte militar do país.

Essas 87 vítimas - sete homens, 32 mulheres e 48 crianças - se somam às cinco mulheres e jovens do mesmo grupo clandestino encontrados na última segunda-feira pelo Exército, acrescentou a fonte.

Todas as vítimas, que haviam iniciado no final de setembro uma viagem para a Argélia, morreram no início de outubro - completou a mesma fonte consultada pela AFP.

O número de mortos foi confirmado por Almustapha Alhacen, diretor da ONG Aghir In'man ("Escudo Humano", em tradução livre do tuaregue), que foi ao local.

"Os corpos estavam em decomposição. Foi horrível. Nós os encontramos em diversos lugares, em um raio de 20 quilômetros e em pequenos grupos, com frequência, sob as árvores, ou debaixo do sol. Às vezes, víamos uma mãe e seus filhos, outras, crianças sozinhas", relatou Alhacen.

Na segunda-feira, as autoridades locais nigerinas haviam anunciado a morte de pelo menos 35 pessoas, mulheres e crianças em sua maioria, mortas desidratadas quando tentavam entrar na Argélia.

Segundo a mesma fonte, 21 pessoas sobreviveram, incluindo "um homem que percorreu 83 quilômetros a pé para chegar a Arlit" (norte da Nigéria) e "uma mulher que foi levada a Arlit por um motorista que cruzou o deserto com ela".

Outros 19 imigrantes foram encaminhados para Tamanrasset (sul da Argélia), seu destino final, antes de serem repatriados para seu país natal - acrescentou a mesma fonte.

Um dos países mais pobres do mundo e palco de crises alimentares recorrentes, o Níger sofre com o fenômeno da imigração, assim como outros Estados africanos. A rota migratória argelina não é, porém, tão concorrida quanto a que leva à Líbia.

De acordo com o Escritório da Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), situado em Niamey, capital deste país, "cerca de 30 mil pessoas" migraram para a Líbia entre março e agosto de 2013, por Agadez, maior cidade do norte nigerino, em condições irregulares. Isso significa pelo menos cinco mil emigrantes por mês, a maioria do oeste da África, sendo muitos nigerinos.