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Chile torna-se primeiro latino-americano a plantar maconha com fins medicinais

Integrantes da Fundação Daya, um grupo sem fins lucrativos que patrocina terapias para aliviar a dor, abre potes com sementes de Cannabis sativa (maconha) - Luis Hidalgo/AFP
Integrantes da Fundação Daya, um grupo sem fins lucrativos que patrocina terapias para aliviar a dor, abre potes com sementes de Cannabis sativa (maconha) Imagem: Luis Hidalgo/AFP

Em Santiago

29/10/2014 19h23

O Chile deu início, nesta quarta-feira (29), ao cultivo das primeiras sementes de maconha para uso medicinal autorizadas oficialmente, em um terreno do município de La Florida, ao sul de Santiago, em uma iniciativa pioneira na América Latina.

A plantação começou com a germinação das sementes de canábis, que depois serão plantadas no terreno.

O local do cultivo foi mantido em sigilo e conta com um forte dispositivo de segurança, de barreira dupla: primeiro, uma cerca elétrica, e depois, arame farpado.

"Este é o primeiro cultivo medicinal autorizado da América Latina", disse, na cerimônia de lançamento da iniciativa, Ana Maria Gazmuri, presidente da Fundação Daya, dedicada à promoção do uso medicinal da erva.

"Estamos fazendo história no alívio dos que sofrem", acrescentou Gazmuri.

O prefeito de La Florida, Rodolfo Carter, e Gazmuri se encarregaram de colocar as sementes em uma bolsa hermética de plástico, envoltas em papel de cozinha úmido para fazê-las germinar nos próximos dois dias.

Em seguida, serão transplantadas para jardineiras, e os exemplares mais vigorosos serão selecionados para ser replantá-los.

Conselho de Medicina de SP regulamenta prescrição de maconha

Na região, o Uruguai aprovou em dezembro uma lei que regulamenta o mercado de maconha, transformando o país no primeiro do mundo em que o Estado controla a produção, a venda e o consumo da droga, embora a iniciativa ainda esteja em fase de implementação.

A primeira colheita no município chileno é aguardada para abril e um mês depois deve ser feita a distribuição de um óleo especial com extrato de canábis para 200 pacientes oncológicos, previamente inscritos e selecionados no programa, que o receberão gratuitamente.

Os usuários serão submetidos a um estudo clínico para analisar os alcances da terapia.

Em 8 de setembro, a prefeitura de La Florida obteve permissão estadual para elaborar o óleo da canábis. A autorização é apenas para uso medicinal da maconha e estuda a colheita de 425 plantas.

A autorização foi antecedida de polêmica no Chile, um país que, em sua legislação, considera a maconha uma droga pesada.

O governo da presidente socialista Michelle Bachelet comprometeu-se a rebaixar a maconha de droga pesada para leve, o que reduziria as penas por tráfico e tornaria mais factível seu uso medicinal, enquanto o Congresso prevê analisar um projeto para descriminalizar o cultivo de maconha para consumo próprio.