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Mais de 200 bruxos são presos na Tanzânia por morte de albinos

Em Dar es Salaam (Tanzânia)

12/03/2015 11h52

Mais de 200 'bruxos' foram presos desde meados de janeiro na Tanzânia, como parte de uma operação para acabar com as mutilações e assassinatos de albinos, vítimas de crenças de que sua condição genética pode oferecer 'poderes mágicos', informou a polícia nesta quinta-feira (12).

Em janeiro, a Tanzânia já havia anunciado a proibição da bruxaria para tentar conter casos de violência contra albinos.

Advera Bulimba, porta-voz da polícia, indicou à AFP que 225 curandeiros não licenciados e alegados adivinhos foram presos durante a operação lançada em várias regiões do norte, que deve ser estendida a todo o território nacional. Destes, 97 já foram levados à Justiça, afirmou.

"Alguns dos detidos estavam na posse de itens tais como peles de lagarto ou leão, dentes de javali-africano, ovos de avestruz, rabos de macaco ou de burro e patas de aves", disse o porta-voz.

A ONU denunciou um aumento, desde 2013, de ataques contra albinos na Tanzânia, potencialmente devido à aproximação das eleições previstas para outubro, com candidatos que desejam adquirir a vitória eleitoral via 'magia'.

Uma menina albina de quatro anos foi sequestrada no final de dezembro e ainda não foi encontrada. Um bebê de 18 meses foi sequestrado em meados de fevereiro e seu corpo foi encontrado com pernas e braços amputados. E no início de março, homens armados atacaram uma criança de seis anos e cortaram uma de suas mãos.

Os corpos dos albinos, usados para rituais de bruxaria ou na fabricação de filtros, são vendidos por cerca de US$ 600 (em torno de R$ 2.000) aos alegados feiticeiros ou curandeiros.

Na quinta-feira, a polícia chamou em um comunicado "os líderes religiosos, líderes tradicionais, políticos e jornalistas a continuar com a campanha de conscientização contra essas crenças supersticiosas".

"Muitos de nossos cidadãos ainda acreditam em bruxaria, resultando em um crime como este", disse Bulimba neste texto.

Albinos são alvo de mutilações e assassinatos em países africanos