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Sob protestos, dentista que matou leão Cecil volta a consultório nos EUA

O dentista Walter Palmer (esquerda) - Reprodução/trophyhuntamerica
O dentista Walter Palmer (esquerda) Imagem: Reprodução/trophyhuntamerica

Em Chicago

08/09/2015 12h36

O dentista norte-americano Walter Palmer, que matou o leão Cecil, uma celebridade do parque nacional de Hwange, no Zimbábue, voltou a atender nesta terça-feira em seu consultório em Minnesota, em meio a protestos dos defensores dos animais.

Sem dizer uma única palavra e depois de seis semanas de isolamento, Palmer apareceu pela primeira vez em seu consultório em Bloomington, perto de Minneapolis (Minnesota, norte), informou o jornal StarTribune.

Mas sua volta ao trabalho depois do escândalo mundial causado por seu hobby de caçar não ficou livre de inconvenientes: o caçador de 55 anos estacionou em um posto de gasolina perto de seu consultório e teve de atravessar a rua seguido por uma multidão de jornalistas e de manifestantes revoltados com a morte de Cecil.

A polícia se posicionou junto à clínica para garantir a segurança do dentista e dos funcionários.

Na véspera, acabando com a semanas de silêncio após a comoção internacional que acompanhou a morte do leão Cecil em julho, o caçador de 55 anos insistiu, em entrevista ao jornal Minneapolis Star Tribune, que a caça na qual matou o animal não tinha nada de ilegal e que ele não sabia que estava matando um leão especial para o país e para a ciência.

Palmer revelou que o episódio teve um grande impacto em sua esposa e filha, que receberam ameaças nas redes sociais.

Ele também se disse preocupado com a reação sobre seus funcionários. "Preciso encontrar minha equipe e meus pacientes. Eles querem que eu volte. É por isso que estou retomando minhas atividades", afirmou.

O dentista recusou-se a dizer se aceitaria retornar ou não ao Zimbábue caso a justiça venha a pedir isso.

Um advogado presente durante a entrevista acrescentou que não há "nenhuma alegação oficial dizendo que ele tenha feito alguma coisa errada".

No início de agosto, o Zimbábue pediu a extradição do dentista por meio da ministra do Meio Ambiente, Oppah Muchinguri, "para que ele possa ser julgado pelos crimes que cometeu".

No entanto, é pouco provável que este pedido tenha êxito. O porta-voz adjunto do Departamento de Estado americano Mark Toner afirmou que, para se proceder a uma extradição, é preciso ter a garantia de que "a pessoa terá um julgamento justo".

Os Estados Unidos mantêm sanções contra o Zimbábue por violações aos direitos humanos e liberdades fundamentais por parte do regime do presidente Robert Mugabe, no poder desde 1980.

Macho dominante do parque, Cecil, famoso por sua juba preta, era objeto de estudo pela universidade britânica de Oxford - que inclusive havia equipado o animal com uma coleira especial, como parte de uma pesquisa sobre a longevidade dos leões.

O organizador do safári, um experiente caçador local, Theo Bronkhorst, foi acusado por "não ter impedido uma caça ilegal" e está em liberdade condicional enquanto aguarda julgamento, adiado para 28 de setembro.

Segundo uma ONG do Zimbábue, o leão teria sido atraído para fora da reserva de Hwange, depois caçado, ferido com uma flecha e finalmente morto após ficar 40 horas encurralado.

Ao descobrirem que o animal possuía uma coleira com GPS, os caçadores decapitaram o felino e o cortaram em pedaços.

Por esta diversão, Palmer teria gasto 55.000 dólares, o que também foi refutado pelo dentista na entrevista, embora ele não tenha indicado quanto desembolsou para conquistar o questionável troféu.