ONG retira últimos animais do zoológico de Gaza
Diante de cada uma das jaulas, o veterinário para e lança um dardo anestesiante: macacos, pássaros ou porcos-espinhos, os últimos animais, entre eles o último tigre do enclave palestino de Gaza, foram preparados nesta terça-feira (23) para abandonar o zoológico de Khan Yunis.
Três veterinários e seus ajudantes, vindos do exterior, retiraram com muito cuidado de seus espaços os animais que estavam dormindo para fazer uma checagem médica completa. Todos eles são sobreviventes do zoo, um autêntico cemitério a céu aberto.
Foi a sétima e última visita destes veterinários à faixa de Gaza, que chegaram por uma iniciativa da ONG Four Paws ("Quatro Patas") para a defesa dos animais. Foram eles que montaram toda essa operação.
Ultra-sonografias e vacinas, os animais foram submetidos a uma bateria de testes antes de serem novamente realojados em suas jaulas onde passarão a noite pela última vez.
Na quarta-feira logo cedo estarão no ponto de passagem de Ereza, saída para Israel e uma barreira muito difícil de ser transpassada para quase dois milhões de palestinos amontoados no enclave sob um severo bloqueio israelense há uma década.
Há meses, Amir Khalil, um veterinário austríaco de origem egípcia, realizou várias visitas ao pequeno zoológico localizado no sul da faixa de Gaza, onde centenas de animais que o habitam foram dizimados pelas sucessivas guerras, fome, falta de cuidados e de estruturas apropriadas.
Depois de três conflitos armados e vários anos de escassez, restam somente quinze animais, parte do orgulho do zoo quando foi inaugurado há dez anos: macacos, pelicanos, gazelas, porcos-espinhos e um tigre, detalhou o veterinário.
Em sua próxima viagem passarão por Israel para chegar até a Jordânia. O tigre, em particular, continuará o caminho até a África do Sul. Em Israel, eles serão levados para uma jaula especial para seu transporte aéreo, explicou o doutor Khalil.
Ziad Aweda, proprietário do lugar, recordou com tristeza: "trouxe esses animais da Líbia, Sudão, Egito e inclusive da África do Sul, para Gaza". Agora, farão o caminho contrário como consequência das condições de vida, a economia devastada e o duro bloqueio enfrentado pelo enclave, onde o lazer se converteu há muito tempo em luxo excessivo.
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