OEA adota declaração de apoio a diálogo na Venezuela
A Organização dos Estados Americanos (OEA) adotou nesta quarta-feira (16) uma declaração em apoio ao diálogo entre governo e oposição na Venezuela, em uma sessão, na qual Caracas denunciou a elaboração do texto sem sua participação e se retirou.
Em um comunicado, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, saudou a adoção da declaração e manifestou sua esperança de que as negociações na Venezuela restituam "a separação de Poderes e os direitos eleitorais", leu o secretário-geral adjunto, Nelson Méndez.
Apresentado por Argentina, Brasil, Canadá, Honduras, Estados Unidos e Peru, o texto tinha como objetivo declarado "apoiar a instalação do diálogo entre o governo venezuelano e a oposição" e "estimular resultados oportunos das negociações".
A representação de Caracas se opôs frontalmente, porém, alegando que a declaração foi negociada "pelas costas da Venezuela", o que viola os princípios de não ingerência em assuntos internos e de soberania nacional.
"Ainda que pareça uma contradição, não podemos acompanhar um projeto de declaração, onde se violaram dois princípios sagrados para nós, nem pode a Venezuela consentir que se opine sobre a Venezuela", explicou a representante suplente de Caracas na OEA, Carmen Velásquez.
Em solidariedade, a Bolívia denunciou um Conselho Permanente "ilegal e ilegítimo" e também deixou a sala da OEA, sediada em Washington, D.C., capital americana.
Com a ausência da Venezuela na sessão, nove países se abstiveram de apoiar a declaração --entre eles Equador, Nicarágua, El Salvador e República Dominicana.
Mesmo assim, o texto foi aprovado --o que envia um novo sinal de apoio internacional ao diálogo promovido pelo Vaticano entre o governo e a coalizão opositora Mesa da Unidade.
A declaração de quatro pontos convoca o governo de Nicolás Maduro e a oposição a "alcançarem resultados concretos em um prazo razoável para pôr fim à difícil situação que atravessa a Venezuela". Também conclama os atores políticos a agirem "com prudência e a evitar qualquer ato de violência, ou ameaças, ao processo em marcha".