Partidários de Maduro agridem deputados opositores no Parlamento
Caracas, 5 Jul 2017 (AFP) - Apoiadores do governo venezuelano feriram nesta quarta-feira cinco deputados depois de ocupar a sede do Parlamento controlado pela oposição.
Segurando pedaços de paus, dezenas de pessoas, algumas encapuzadas, forçaram os portões do Palácio Legislativo, onde acontecia uma sessão solene pelo Dia da Independência, e detonaram bombas de efeito moral nos jardins e corredores, gerando caos e pânico. Pelo menos três pessoas estavam armadas, segundo relatos de jornalistas presentes no local.
Em meio à fumaça das bombas, os partidários golpearam deputados e outros funcionários, além de obrigarem jornalistas a abaixar suas câmeras e abandonar o prédio, sem que fossem contidos pela Guarda Nacional.
Os deputados Américo de Grazia, Nora Bracho, Armando Armas, Luis Carlos Padilla e Leonardo Regnault foram atingidos fortemente -três deles na cabeça- e levados a um centro médico. Manchas de sangue podiam ser vistas nas paredes, e alguns legisladores estavam com as roupas rasgadas.
De Grazia teve convulsões e ferimentos mais graves. "Isso não dói mais do que ver todos os dias como perdemos o país", declarou Armas aos jornalistas ao subir em uma ambulância com curativos na cabeça.
O país vive uma alta tensão por protestos opositores que exigem a saída do presidente Nicolás Maduro. Em três meses 91 pessoas morreram.
O cenário é agravado por uma devastadora crise econômica e uma inflação fora de controle no país com as maiores reservas de petróleo do mundo.
"Não vamos nos intimidar com esses atos de violência. Não vamos nos calar sobre a Constituinte comunista", disse o vice-presidente do Congresso, Freddy Guevara.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, condenou nesta quarta as agressões aos deputados opositores e reiterou o seu chamado ao diálogo para resolver a crise.
"Novamente chegam notícias de violência na Venezuela. Desta vez a violência foi no templo da democracia, que é o recinto da Assembleia Nacional, e como democratas temos que condenar essa violência", declarou durante um ato no departamento fronteiriço de César.
- Piloto do helicóptero reaparece - O incidente ocorreu durante um recesso da sessão parlamentar e enquanto o presidente participava de um desfile militar na avenida de Los Próceres, pelo 206º aniversário da independência venezuelana.
"Condeno absolutamente esses fatos, até onde os conheço. Nunca serei cúmplice de qualquer ação de violência", disse Maduro no ato, sem admitir que quem entrou no Legislativo foram seus apoiadores.
Depois, Maduro recriminou a oposição, exigindo que também condene a violência nos protestos e o ataque de 27 de junho, quando um policial lançou quatro granadas de um helicóptero contra a sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) em Caracas.
"Eu queria que a direita condenasse o ataque terrorista com bombas e balas, elo criminoso que estamos procurando", afirmou o presidente, que chamou essa ação de "intentona golpista".
O piloto do helicóptero, Óscar Pérez, reapareceu na terça-feira em um vídeo no qual pede que os manifestantes permaneçam "firmes nas ruas" contra Maduro. "O momento é agora", disse o piloto, que também é ator, supostamente da clandestinidade.
- Da pólvora aos votos -Durante o desfile, Maduro ressaltou a lealdade da cúpula militar e pediu às Forças Armadas que se mantenham unida e que apoie a revolução e a Constituinte.
"Quando a nova Assembleia Constituinte for instalada, estaremos reeditando nosso desejo de sermos livres, soberanos e independentes", disse mais cedo o chefe das Forças Armadas, o general Vladimir Padrino López.
Na sessão do Parlamento, seu presidente, Julio Borges, pediu à instituição castrense que defenda a democracia, depois de lamentar que o "militarismo esteja se impondo" aos civis.
"A Venezuela vive um dilema, uma encruzilhada, queremos passar da soberania da pólvora à soberania dos votos", acrescentou.
- Traidora! - Antes da incursão no Parlamento, o vice-presidente Tareck El Aissami havia participado de um ato junto com Padrino López, membros do gabinete e partidários chavistas, para comemorar a independência do país.
El Aissaimi convocou "os excluídos pelo modelo capitalista e por essa classe política apátrida (oposição)" a comparecer nesta quarta-feira ao Parlamento para referendar seu compromisso com a revolução.
Depois um grupo de chavistas foi para a frente do edifício legislativo para um "plantão" de seis horas com discursos contra os opositores e contra a procuradora-geral, Luisa Ortega, processada judicialmente pelo governo.
"Traidora", gritaram os partidários sobre Ortega fora do Parlamento.
Apoiada por chavistas críticos de Maduro por se opor à Constituinte, Ortega não compareceu na terça-feira a uma audiência no TSJ -que decidirá se ela cometeu uma "falta grave" que pode levar à sua destituição. A procuradora alegou que os magistrados são "ilegítimos" e que sua presença "legitimaria um circo".
mis/axm/ml/cc/cb
EURASIA GROUPE
Segurando pedaços de paus, dezenas de pessoas, algumas encapuzadas, forçaram os portões do Palácio Legislativo, onde acontecia uma sessão solene pelo Dia da Independência, e detonaram bombas de efeito moral nos jardins e corredores, gerando caos e pânico. Pelo menos três pessoas estavam armadas, segundo relatos de jornalistas presentes no local.
Em meio à fumaça das bombas, os partidários golpearam deputados e outros funcionários, além de obrigarem jornalistas a abaixar suas câmeras e abandonar o prédio, sem que fossem contidos pela Guarda Nacional.
Os deputados Américo de Grazia, Nora Bracho, Armando Armas, Luis Carlos Padilla e Leonardo Regnault foram atingidos fortemente -três deles na cabeça- e levados a um centro médico. Manchas de sangue podiam ser vistas nas paredes, e alguns legisladores estavam com as roupas rasgadas.
De Grazia teve convulsões e ferimentos mais graves. "Isso não dói mais do que ver todos os dias como perdemos o país", declarou Armas aos jornalistas ao subir em uma ambulância com curativos na cabeça.
O país vive uma alta tensão por protestos opositores que exigem a saída do presidente Nicolás Maduro. Em três meses 91 pessoas morreram.
O cenário é agravado por uma devastadora crise econômica e uma inflação fora de controle no país com as maiores reservas de petróleo do mundo.
"Não vamos nos intimidar com esses atos de violência. Não vamos nos calar sobre a Constituinte comunista", disse o vice-presidente do Congresso, Freddy Guevara.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, condenou nesta quarta as agressões aos deputados opositores e reiterou o seu chamado ao diálogo para resolver a crise.
"Novamente chegam notícias de violência na Venezuela. Desta vez a violência foi no templo da democracia, que é o recinto da Assembleia Nacional, e como democratas temos que condenar essa violência", declarou durante um ato no departamento fronteiriço de César.
- Piloto do helicóptero reaparece - O incidente ocorreu durante um recesso da sessão parlamentar e enquanto o presidente participava de um desfile militar na avenida de Los Próceres, pelo 206º aniversário da independência venezuelana.
"Condeno absolutamente esses fatos, até onde os conheço. Nunca serei cúmplice de qualquer ação de violência", disse Maduro no ato, sem admitir que quem entrou no Legislativo foram seus apoiadores.
Depois, Maduro recriminou a oposição, exigindo que também condene a violência nos protestos e o ataque de 27 de junho, quando um policial lançou quatro granadas de um helicóptero contra a sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) em Caracas.
"Eu queria que a direita condenasse o ataque terrorista com bombas e balas, elo criminoso que estamos procurando", afirmou o presidente, que chamou essa ação de "intentona golpista".
O piloto do helicóptero, Óscar Pérez, reapareceu na terça-feira em um vídeo no qual pede que os manifestantes permaneçam "firmes nas ruas" contra Maduro. "O momento é agora", disse o piloto, que também é ator, supostamente da clandestinidade.
- Da pólvora aos votos -Durante o desfile, Maduro ressaltou a lealdade da cúpula militar e pediu às Forças Armadas que se mantenham unida e que apoie a revolução e a Constituinte.
"Quando a nova Assembleia Constituinte for instalada, estaremos reeditando nosso desejo de sermos livres, soberanos e independentes", disse mais cedo o chefe das Forças Armadas, o general Vladimir Padrino López.
Na sessão do Parlamento, seu presidente, Julio Borges, pediu à instituição castrense que defenda a democracia, depois de lamentar que o "militarismo esteja se impondo" aos civis.
"A Venezuela vive um dilema, uma encruzilhada, queremos passar da soberania da pólvora à soberania dos votos", acrescentou.
- Traidora! - Antes da incursão no Parlamento, o vice-presidente Tareck El Aissami havia participado de um ato junto com Padrino López, membros do gabinete e partidários chavistas, para comemorar a independência do país.
El Aissaimi convocou "os excluídos pelo modelo capitalista e por essa classe política apátrida (oposição)" a comparecer nesta quarta-feira ao Parlamento para referendar seu compromisso com a revolução.
Depois um grupo de chavistas foi para a frente do edifício legislativo para um "plantão" de seis horas com discursos contra os opositores e contra a procuradora-geral, Luisa Ortega, processada judicialmente pelo governo.
"Traidora", gritaram os partidários sobre Ortega fora do Parlamento.
Apoiada por chavistas críticos de Maduro por se opor à Constituinte, Ortega não compareceu na terça-feira a uma audiência no TSJ -que decidirá se ela cometeu uma "falta grave" que pode levar à sua destituição. A procuradora alegou que os magistrados são "ilegítimos" e que sua presença "legitimaria um circo".
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