Trump eleva o tom contra críticos de gestão da ajuda a Porto Rico
San Juan, 1 Out 2017 (AFP) - O presidente americano, Donald Trump, acusou neste sábado (30) os porto-riquenhos de quererem "tudo pronto", elevando o tom contra as autoridades da ilha, enquanto aumentam as críticas à insuficiente resposta federal aos estragos provocados pelo furacão Maria.
Enquanto praticamente todos os 3,4 milhões de moradores deste território americano estão sem energia elétrica, um terço sem comunicações e a metade sem água, segundo cifras oficiais, nove dias após a passagem do furacão, o presidente acusou "alguns em Porto Rico" de ser "incapazes de por seus empregados a trabalhar para ajudar" nos trabalhos de recuperação.
Na capital, San Juan, os carros formam filas intermináveis em frente aos postos de gasolina, alguns vigiados por seguranças privados, e moradores do interior, desesperados, dizem não ver presença federal ou local.
Mas Trump insistiu, em uma série de mensagens postadas no Twitter neste sábado (30), em que as equipes de resposta do governo, que enviaram uma dezena de embarcações e dez mil funcionários estão "fazendo um trabalho fantástico".
"Querem que tudi esteja pronto para eles quando deveria ser um esforço comunitário", queixou-se.
Em seus tuítes, Trump culpou pelos problemas seus adversários democratas e funcionários locais, especialmente a prefeita de San Juan, Carmen Yulín Cruz, a quem criticou pela "pobre capacidade de liderança".
Cruz, que elevou sua impaciência diante da resposta federal, vestia diante de emissoras de televisão americanas uma camiseta com a inscrição "Ajudem-nos. Estamos morrendo".
"Não posso compreender o fato de que a maior nação do mundo não possa proporcionar apoio logístico a uma pequena ilha", disse, emocionada, durante coletiva de imprensa na sexta-feira (29).
- "Como os dentes de trás" - Em Porto Rico, os comentários de Trump - postados em seu clube de golfe, em Bedminster, em Nova Jersey (nordeste), onde passa o fim de semana - só servem para reforçar um sentimento segundo o qual o presidente descuida este território administrado pelos Estados Unidos e cujos habitantes são cidadãos americanos.
"É que nós somos americanos (cidadãos dos Estados Unidos) e não nos tratam como americanos (...) Nós lhes damos nossos impostos, mas para eles somos como os dentes de trás", indignou-se Miriam Cintron, de 52 anos.
As declarações anteriores de Trump, perguntando-se quem vai pagar pela reconstrução, levando-se em conta os 73 bilhões de dólares de dívida financeira da ilha, em um momento em que os porto-riquenhos enfrentam ameaças vitais, já tinham sido considerados prematuros e desagradáveis.
E sua sugestão de que alguns moradores não querem ajudar também parece alimentar o ressentimento, quando muitos socorristas da ilha, que trabalham desesperadamente para manter suas famílias vivas não conseguiram se somar a ações de maior magnitude.
- Governador é menos crítico -Trump pareceu mais conciliador em mensagens posteriores, exortando a "estar unidos" na ajuda a "os que sofrem" em Porto Rico, e elogiando o governador Ricardo Rosselló, que tem sido menos crítico com o governo federal do que Cruz.
Rosselló destacou neste sábado os esforços da agência federal de gestão de emergências (FEMA) para distribuir gasolina em todo o território, indicando que o número de postos abertos subiu nos últimos quatro dias de 450 a 714.
Perguntado pelo drama entre Trump e Cruz, o governador se limitou a responder: "A única forma disto funcionar é que colaboremos".
Os primeiros envios de ajuda federal a Porto Rico não chegaram tão rapidamente quanto ao Texas e à Flórida, afetados pelos furacões Harvey e Irma semanas atrás.
Agora, essa ajuda e os trabalhos de restauração poderão ser complicados pelas "chuvas torrenciais" e os ventos de mais de 65 km/h esperados este sábado no leste de Porto Rico, segundo o serviço meteorológico de San Juan.
"O povo está desesperado. Eu não tenho medo de ninguém, mas tem outra gente que, sim, não sai de casa por medo de ser assaltada, roubada, que lhes façam mal", disse Brian Lafuente, de 27 anos, encarregado de um posto de gasolina em Isla Verde.
Trump disse na sexta-feira que "infelizmente" Porto Rico, um Estado Livre associado aos Estados Unidos desde 1952 e que em maio se declarou em bancarrota, não consegue administrar esta catástrofe por conta própria destacando que a ilha "terá que trabalhar conosco para determinar como se financiará e organizará este esforço de reconstrução maciço (...) e o que faremos com a tremenda quantidade de dívida existente na ilha".
O presidente deveria realizar uma série de telefonemas durante o sábado para alguns funcionários de Porto Rico, informou a Casa Branca. Na próxima terça-feira (3), ele visitará a ilha.
ia/bbk/lb/lp/rsr/gv/mvv
Twitter
Enquanto praticamente todos os 3,4 milhões de moradores deste território americano estão sem energia elétrica, um terço sem comunicações e a metade sem água, segundo cifras oficiais, nove dias após a passagem do furacão, o presidente acusou "alguns em Porto Rico" de ser "incapazes de por seus empregados a trabalhar para ajudar" nos trabalhos de recuperação.
Na capital, San Juan, os carros formam filas intermináveis em frente aos postos de gasolina, alguns vigiados por seguranças privados, e moradores do interior, desesperados, dizem não ver presença federal ou local.
Mas Trump insistiu, em uma série de mensagens postadas no Twitter neste sábado (30), em que as equipes de resposta do governo, que enviaram uma dezena de embarcações e dez mil funcionários estão "fazendo um trabalho fantástico".
"Querem que tudi esteja pronto para eles quando deveria ser um esforço comunitário", queixou-se.
Em seus tuítes, Trump culpou pelos problemas seus adversários democratas e funcionários locais, especialmente a prefeita de San Juan, Carmen Yulín Cruz, a quem criticou pela "pobre capacidade de liderança".
Cruz, que elevou sua impaciência diante da resposta federal, vestia diante de emissoras de televisão americanas uma camiseta com a inscrição "Ajudem-nos. Estamos morrendo".
"Não posso compreender o fato de que a maior nação do mundo não possa proporcionar apoio logístico a uma pequena ilha", disse, emocionada, durante coletiva de imprensa na sexta-feira (29).
- "Como os dentes de trás" - Em Porto Rico, os comentários de Trump - postados em seu clube de golfe, em Bedminster, em Nova Jersey (nordeste), onde passa o fim de semana - só servem para reforçar um sentimento segundo o qual o presidente descuida este território administrado pelos Estados Unidos e cujos habitantes são cidadãos americanos.
"É que nós somos americanos (cidadãos dos Estados Unidos) e não nos tratam como americanos (...) Nós lhes damos nossos impostos, mas para eles somos como os dentes de trás", indignou-se Miriam Cintron, de 52 anos.
As declarações anteriores de Trump, perguntando-se quem vai pagar pela reconstrução, levando-se em conta os 73 bilhões de dólares de dívida financeira da ilha, em um momento em que os porto-riquenhos enfrentam ameaças vitais, já tinham sido considerados prematuros e desagradáveis.
E sua sugestão de que alguns moradores não querem ajudar também parece alimentar o ressentimento, quando muitos socorristas da ilha, que trabalham desesperadamente para manter suas famílias vivas não conseguiram se somar a ações de maior magnitude.
- Governador é menos crítico -Trump pareceu mais conciliador em mensagens posteriores, exortando a "estar unidos" na ajuda a "os que sofrem" em Porto Rico, e elogiando o governador Ricardo Rosselló, que tem sido menos crítico com o governo federal do que Cruz.
Rosselló destacou neste sábado os esforços da agência federal de gestão de emergências (FEMA) para distribuir gasolina em todo o território, indicando que o número de postos abertos subiu nos últimos quatro dias de 450 a 714.
Perguntado pelo drama entre Trump e Cruz, o governador se limitou a responder: "A única forma disto funcionar é que colaboremos".
Os primeiros envios de ajuda federal a Porto Rico não chegaram tão rapidamente quanto ao Texas e à Flórida, afetados pelos furacões Harvey e Irma semanas atrás.
Agora, essa ajuda e os trabalhos de restauração poderão ser complicados pelas "chuvas torrenciais" e os ventos de mais de 65 km/h esperados este sábado no leste de Porto Rico, segundo o serviço meteorológico de San Juan.
"O povo está desesperado. Eu não tenho medo de ninguém, mas tem outra gente que, sim, não sai de casa por medo de ser assaltada, roubada, que lhes façam mal", disse Brian Lafuente, de 27 anos, encarregado de um posto de gasolina em Isla Verde.
Trump disse na sexta-feira que "infelizmente" Porto Rico, um Estado Livre associado aos Estados Unidos desde 1952 e que em maio se declarou em bancarrota, não consegue administrar esta catástrofe por conta própria destacando que a ilha "terá que trabalhar conosco para determinar como se financiará e organizará este esforço de reconstrução maciço (...) e o que faremos com a tremenda quantidade de dívida existente na ilha".
O presidente deveria realizar uma série de telefonemas durante o sábado para alguns funcionários de Porto Rico, informou a Casa Branca. Na próxima terça-feira (3), ele visitará a ilha.
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