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Trump afirma que teria entrado na escola da Flórida mesmo desarmado

26/02/2018 20h30

Washington, 26 Fev 2018 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (26) que ele teria a coragem de entrar mesmo que desarmado na escola da Flórida para tentar evitar o massacre que deixou 17 mortos e que impulsionou os estudantes a protestar contra o fácil acesso às armas de fogo.

"Acho que eu teria corrido e entrado mesmo sem ter armas. E acho que a maioria de vocês teria feito a mesma coisa", declarou, em uma reunião com governadores na Casa Branca.

"O que ele quis dizer é que seria um líder e deveria tomar uma atitude valente", insistiu sua porta-voz, Sarah Sanders.

A declaração de Trump se refere a um policial armado que, no dia do massacre, 14 de fevereiro, supostamente ficou do lado de fora da escola, em Parkland, sem entrar ou tentar deter Nikolas Cruz, que abriu fogo matando 17 pessoas, em sua maioria adolescentes.

"O desempenho foi francamente uma vergonha", afirmou Trump.

Os agentes que poderiam ter tentado impedir o ataque à escola "não são exatamente pessoas a serem condecoradas com a medalha de honra. Foi uma coisa asquerosa", acrescentou.

O oficial assinalado, Scot Peterson, se defendeu destas "críticas infundadas" e "ataques a sua pessoa", publicando por meio de seu advogado um relato de todas as ações que tomou naquele momento.

"As acusações de que Peterson é um covarde e que sua atuação, nessas circunstâncias, não estavam à altura dos oficiais de Polícia são evidentemente falsas", declarou o advogado do ex-policial, Joseph DiRuzzo, em comunicado.

No debate seguinte com os governadores, o responsável pelo estado de Washington, o democrata Jay Inslee, sugeriu a Trump que seria bom "um pouco menos de Twitter e mais escuta", especialmente as objeções à ideia do presidente de treinar e armar alguns professores, uma proposta rejeitada por defensores de um maior controle à venda de armas.

Na semana passada, Trump também se mostrou a favor de medidas como a melhoria dos controles de antecedentes, o aumento da idade legal para comprar armas e a proibição dos "bump stocks", dispositivos que transformam fuzis semiautomáticos em armas automáticas.

"Acabaremos com os 'bump stocks'. Eu mesmo acabarei com eles e não importa se o Congresso fará isso, ou não", insistiu Trump diante dos governadores.

Estas declarações marcam uma divergência notável com as propostas da Associação Nacional do Rifle (NRA, em inglês), o poderoso lobby das armas que pagou 30 milhões de dólares à campanha presidencial de Trump.

- 'Grande fã da NRA' -Mas o presidente se apressou para afirmar suas ligações com a NRA explicando que no fim de semana passado havia se encontrado com seu dirigente, Wayne LaPierre.

"Não existe maior fã da segunda emenda (que garante aos americanos o direito de possuir uma arma) e da NRA do que eu. São geniais", afirmou. "Não se preocupem, estão do nosso lado", continuou

Após o massacre da Flórida, tanto em uma parte quanto em outra do cenário político americano, assim como na sociedade civil, surgiram vozes que pediram uma regulamentação mais estrita das vendas de armas.

Uma grande manifestação foi convocada para 24 de março em Washington com o objetivo de pedir um controle mais estrito e colocar pressão nos responsáveis políticos americanos.

Os líderes republicanos do Congresso, Paul Ryan e Mitch McConnell, ainda não se pronunciaram sobre o tema, mas segundo uma pesquisa recente da CNN, 70% dos americanos são a favor de um endurecimento da legislação.

Sanders mencionou uma reunião prevista para quarta-feira entre Trump e os legisladores democratas e republicanos para discutir o tema.

Em Parkland, os professores e a equipe da escola Marjory Stoneman Douglas retornavam nesta segunda às salas para prepararem o retorno dos alunos, na quarta-feira.

Também nesta segunda-feira, dezenas de professores e estudantes se manifestaram na capital da Flórida, Tallahassee, para aumentar a pressão sobre os legisladores estaduais quando discutiam pela primeira vez um projeto de lei que aumenta os controles sobre a venda de armas.

"Não é somente nesta semana, neste mês. Será no próximo mês e no seguinte. Trata-se de continuar pressionando nossos políticos", declarou Justin Laumann, estudante do condado de West Palm Beach, à emissora local CBS ao embarcar no ônibus para a capital na madrugada de segunda-feira.

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