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Cinco médicos de Nova York são acusados de receitar opioides em troca de subornos

U.S. Attorney"s Office for the Southern District of Alabama/Reuters
Imagem: U.S. Attorney's Office for the Southern District of Alabama/Reuters

Nova York

16/03/2018 21h32

Cinco médicos de Nova York foram acusados, nesta sexta-feira (16), de aceitar centenas de milhares de dólares em subornos de uma empresa farmacêutica para prescrever fentanil, um remédio para a dor poderoso e viciante, em um caso que mostra como a justiça americana tenta frear a crise dos opioides.

Os cinco médicos prescreveram em excesso durante meses um spray de fentanil, um analgésico 50 a 100 vezes mais poderoso que a morfina, em troca de subornos do fabricante, que declaravam como se fossem honorários para dar palestras, indicou a ata de acusação publicada nesta sexta-feira pelo promotor federal de Manhattan.

O promotor não informou o nome do laboratório, mas todos os detalhes correspondem à empresa Insys.

Em agosto passado, a Insys, baseada no Arizona, aceitou cooperar com a justiça e pagar 4,5 milhões de dólares de multa após ter sido acusada de práticas fraudulentas para promover seu spray de fentanil "Subsys", em princípio reservado às dores vinculadas ao câncer.

Dois empregados da Insys se declararam culpados e participaram na investigação que levou à prisão dos médicos.

Os cinco médicos são acusados de terem participado no sistema de "falsos honorários" da Insys.

Um deles, Gordon Freedman, de 57 anos, teria recebido mais de US$ 300 mil em falsos honorários em troca de um aumento de suas prescrições do aerossol de fentanil.

Também foi o palestrante mais bem pago da Insys em 2014: apenas no último trimestre desse ano, prescreveu o medicamento por um valor de mais de US$ 1,1 milhão, disse o promotor.

Os outros quatro médicos - Jeffrey Goldstein, Todd Schlifstein, Dialecti Voudouris e Alexandru Burducea - foram acusados de receber entre US$ 68 mil e US$ 196 mil em falsos honorários para promover o medicamento.

Eles podem ser condenados a mais de 20 anos de prisão.

O caso ilustra a ação crescente da justiça americana contra a prescrição exagerada de medicamentos contra a dor como o fentanil e a oxicodona, na origem da crise de dependência de opioides que matou 63.600 pessoas por overdose em 2016 nos Estados Unidos.

As prisões nos meios médico e farmacêutico por prescrição excessiva destes medicamentos se tornaram quase cotidianas nos Estados Unidos.