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Onda Bolsonaro ajuda a eleger 27 governadores no Brasil

29/10/2018 15h45

Rio de Janeiro, 29 Out 2018 (AFP) - Doze dos 27 governadores eleitos no Brasil, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, aproveitaram a onda populista de Jair Bolsonaro para conseguir vitórias que há alguns meses pareciam improváveis.

O Partido Social Liberal (PSL), formação de extrema direita do presidente eleito, terá, pela primeira vez, três governadores: o de Santa Catarina e dos estados amazônicos de Roraima e Rondônia.

Mas o efeito Bolsonaro foi sentido principalmente no sudeste, onde os candidatos de outros partidos decolaram nas pesquisas depois de declararem seu apoio público ao capitão da reserva do Exército.

Um dos casos mais significativos ocorreu no Rio de Janeiro. Quase desconhecido quando registrou sua candidatura, Wilson Witzel tinha apenas 3% das intenções de voto em agosto.

Até que tudo mudou em setembro, quando o ex-juiz federal começou a apoiar abertamente o ultradireitista à presidência, chegando a fazer campanha nas ruas com um de seus filhos, Flávio Bolsonaro, que foi eleito senador.

No primeiro turno, em 7 de outubro, Witzel protagonizou uma das grandes surpresas da noite ao terminar em primeiro lugar com 39% dos votos, embora as pesquisas o apontassem em terceiro lugar, com apenas 12%.

No domingo concluiu a corrida com cerca de 60%, derrotando o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes.

O governador eleito, de 50 anos, ainda não é unanimidade entre os próximos de Jair Bolsonaro, que se recusou a apoiá-lo abertamente como fez seu filho.

- De 'traidor' a governador -Em São Paulo, o estado mais rico e populoso do país, João Doria também foi capaz de surfar na onda de Bolsonaro e acabou por receber 52% dos votos em seu duelo com o candidato de centro-esquerda Marcio França.

Este controverso empresário e apresentador de televisão foi bem sucedido em sua aposta de deixar a prefeitura de São Paulo, menos de dois anos depois de tê-la conquistado no primeiro turno contra Fernando Haddad.

Apesar da rejeição explícita de alguns membros do seu partido - o tradicional PSDB (centro-direita) do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - Doria declarou seu apoio a Bolsonaro na noite do primeiro turno.

Sua atitude custou-lhe ser chamado de "traidor" por Geraldo Alckmin, seu padrinho político e candidato à presidência do PSDB, mas foi decisiva para vencer a eleição numa votação tensa e apertada.

Em Minas Gerais, o segundo estado mais populoso, Romeu Zema, do Partido Novo - formação de direita que surgiu em 2015 com o apoio de numerosos empresários - emergiu do anonimato para ganhar a eleição com esmagadores 70% dos votos no domingo, graças ao seu apoio a Bolsonaro.

Apesar de tudo, o Partido dos Trabalhadores (PT), do candidato derrotado à presidência Fernando Haddad, é a formação que conseguiu mais governadores, quatro, todos no nordeste, feudo eleitoral do ex-presidente preso Luiz Inácio Lula da Silva.