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"Traição" e "guerra civil": retórica de Trump segue sem limites

30/09/2019 14h12

Washington, 30 Set 2019 (AFP) - Sob a ameaça de um processo de impeachment, Donald Trump voltou a elevar o tom de sua habitual metralhadora verbal, visivelmente sem limites.

No meio de uma saraivada de tuítes particularmente agressivos, o 45º presidente dos Estados Unidos chegou a sugerir, nesta segunda-feira (30), "prender" o representante (deputado) democrata Adam Schiff por "traição".

Ele é responsável pela investigação do Congresso concentrada nas pressões de Trump sobre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para que ele descobrisse informações comprometedoras sobre Joe Biden, seu possível adversário na eleição de 2020.

"Adam Schiff deu, ilegalmente, uma declaração FALSA e terrível, sobre minha conversa com o presidente ucraniano (...) Isso não tem nada a ver com o que eu disse. Ele deveria ser preso por traição?", lançou Trump.

Há quase uma semana, os democratas abriram uma investigação contra o magnata republicano com o objetivo de levar a seu impeachment. Se a Câmara, dominada pela oposição, aprovar a acusação de impeachment, caberá ao Senado, de maioria republicana, julgá-lo.

O presidente Donald Trump garante que seu telefonema com Volodymyr Zelensky não tem nada de repreensível e denuncia uma "caça às bruxas" orquestrada, segundo ele, pelos que não conseguiram derrotá-lo nas urnas.

No meio do furacão e consciente do impacto destes últimos acontecimentos para a corrida eleitoral, Trump multiplica seus ataques. A pergunta que ressoa na capital federal é até onde ele está disposto a ir.

No fim de semana, o presidente retuitou as declarações, na Fox News, de um pastor batista do Texas, Robert Jeffress, desde 2016 um de seus defensores mais ferrenhos.

"Se os democratas conseguirem forçar o presidente a deixar seu cargo, isso levará a uma ruptura digna da guerra civil, da qual nosso país nunca mais vai se curar", disse Jeffress.

Em seu conjunto, os republicanos cerraram fileiras com Trump, mas um de seus correligionários, o representante de Illinois na Câmara, manifestou sua indignação.

"Visitei países assolados pela guerra civil, Donald Trump. Nunca poderia imaginar que uma frase dessas seria repetida por um presidente", tuitou. "É para além de repugnante", completou.

O ex-conselheiro de Segurança Interna do governo atual Tom Bossert também criticou as tentativas do presidente e de seus assessores mais próximos de ressuscitarem a teoria de que foi a Ucrânia, e não a Rússia, que pirateou os e-mails do Partido Democrata na campanha de 2016.

"Não só se trata de uma teoria conspiratória, como ela foi completamente desmontada", criticou, em entrevista à rede ABC.

Na sexta-feira, os representantes democratas pediram ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que envie ao Congresso os documentos necessários à sua investigação. E, agora, é preciso determinar quem exatamente será convocado para testemunhar na Câmara.

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