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Mergulhador localiza corpos de bebê e mulher migrantes no fundo do Mediterrâeno

17/10/2019 12h33

Roma, 17 Out 2019 (AFP) - O mergulhador italiano que liderou as buscas por vítimas de um naufrágio no Mediterrâneo descreveu, nesta quinta-feira (17), seu horror depois que localizou no fundo do mar o corpo de um bebê junto ao de uma mulher que aparentemente abraçou a criança até o fim.

Chefe do corpo de mergulhadores da Guarda Costeira italiana, Rodolfo Raiteri confessou, em entrevista à imprensa local, que a descoberta foi a pior experiência de sua vida profissional.

"A visão daquele bebê lá embaixo foi insuportável, um golpe no coração", disse ao jornal "La Republica".

"Você nunca está preparado para algo tão intenso como isso", desabafou.

Raiteri, 52 anos, disse que "ver aquele pequeno corpo próximo ao que, provavelmente, era de sua mãe foi como receber um soco no estômago".

"O fato de estarem tão próximos um do outro e por causa da posição dos braços da mulher... Acho que ela o abraçou até o fim", acrescentou.

A equipe procurou as vítimas de um naufrágio ocorrido em 7 de outubro, quando um pequeno barco com excesso de lotação afundou em frente à ilha italiana de Lampedusa.

Dos cerca de 50 migrantes a bordo, 22 pessoas conseguiram se salvar. Os corpos de 13 mulheres, algumas delas grávidas, foram recuperados no mesmo dia da tragédia.

O mau tempo dificultou a busca pelos demais, entre eles oito crianças e outras grávidas.

As imagens filmadas por um drone subaquático mostram os destroços, com roupas e restos de objetos no fundo do mar.

Outras fotografias publicadas pela imprensa italiana mostram os corpos dos afogados flutuando ao redor do navio afundado.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) disse ao jornal "Corriere della Sera" que havia conseguido rastrear a tia do bebê.

Ela é uma das sobreviventes. Aminata, da Costa do Marfim, contou que estava no barco com mais duas irmãs e seus filhos, todos desaparecidos.

Ela identificou uma das irmãs entre os primeiros corpos recuperados, mas ainda estava procurando o sobrinho de quatro anos, bem como a segunda irmã e seu bebê de oito meses.

Retirar os corpos do fundo do mar não será fácil.

"Eles estão a 60 metros de profundidade, e não podemos ficar mais de cinco minutos lá. Portanto, teremos que ser muito rápidos", explicou Raiteri.

Segundo ele, o bebê e sua mãe serão os primeiros a serem recuperados.

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