Oposição boliviana quer intensificar protestos contra Morales após reeleição questionada
A oposição boliviana tenta hoje aumentar a pressão contra o presidente Evo Morales, que denunciou ontem um plano de golpe de Estado, enquanto camponeses leais ao governo pretendem bloquear rodovias para defender sua questionada reeleição.
O ex-presidente centrista Carlos Mesa, principal rival de Morales nas eleições de 20 de outubro, pediu ontem que a população não reconheça os resultados da votação, depois de denunciar fraudes.
Em um discurso pronunciado em La Paz, o opositor de 66 anos, que governou a Bolívia entre 2003 e 2005, pediu a seus seguidores que saiam às ruas da capital, sede dos poderes Executivo e Legislativo bolivianos.
"Amanhã (hoje) iniciamos uma paralisação que tem características fundamentais, que irá mostrar a Morales a força de La Paz e a força da Bolívia", declarou Mesa.
"Todos nós temos que estar decididos a sair às ruas para mostrar que não aceitamos a fraude", completou.
A questionada reeleição de Morales, após uma polêmica apuração de votos, provocou protestos dos opositores e despertou dúvidas sobre se a Bolívia avança para um regime autoritário e isolado internacionalmente, como o de Nicolás Maduro na Venezuela.
"Alerto desde Vila Vila (povoado rural) a todo o povo boliviano: diferentes setores sociais (...) se preparam para realizar um golpe de Estado na próxima semana", denunciou Morales a sua base em um ato público.
O Tribunal Eleitoral (TSE) boliviano anunciou na sexta-feira a vitória de Morales no primeiro turno com 47,08% dos votos válidos, contra 36,51% de Mesa.
Carlos Mesa disse no sábado não reconhecer a proclamação oficial de Morales para um quarto mandato em primeiro, por ser "resultado de uma fraude".
A oposição anunciou que a partir desta segunda-feira as medidas de protesto serão intensificadas, especialmente em La Paz, sede do Executivo e do Legislativo.
O ministro do Interior, Carlos Romero, afirmou na TV estatal que a oposição "está convocando as pessoas para o confronto (...) para tomar as instituições públicas, para desalojar o governo. Isto é uma convocação ao golpe de Estado. Antes, os golpes eram com militares. Agora, são institucionais", disse, citando os casos de Dilma Rousseff no Brasil e Fernando Lugo no Paraguai.
Os Estados Unidos expressaram hoje preocupação com o que chamaram de irregularidades na votação boliviana, e pediram um segundo turno entre Morales e Mesa.
Após as dúvidas levantadas pela contagem dos votos, o presidente boliviano Evo Morales propôs à Organização dos Estados Americanos (OEA) a realização de uma auditoria do processo, que seu secretário-geral, Luis Almagro, aceitou.
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