Padre põe pets para adoção em missa: 'São mais puros do que muitas almas'
Um vídeo do padre João Paulo Araújo Gomes repercutiu recentemente nas redes sociais. Na imagem, ele apresenta um cachorro disponível para adoção aos seus fiéis no fim da missa em Caruaru (PE), a 135 km do Recife.
O religioso tem em seu histórico uma longa trajetória de proteção aos animais, mas tudo começou por acaso.
"Não foi algo planejado. Há 10 anos eu estava em uma paróquia em Gravatá (PE) e algumas senhoras me ofereceram biscoitos para comprar. Quando perguntei a finalidade da renda, me explicaram que era para ajudar um abrigo de animais", contou ao UOL.
Para alavancar as vendas, ele disse que poderia ajudar oferecendo os biscoitos aos fiéis ao final da missa.
"Elas conseguiram arrecadar o dinheiro e fiquei interessado em conhecer o abrigo. O local não tinha estrutura, mas, com a boa vontade daquelas pessoas, cuidava de 97 animais."
Ele então começou a ajudar em ações para que esses bichos ganhassem novos lares.
Como última alternativa, aqueles que não fossem adotados em feiras e nessas ações eram levados à missa. Em menos de seis meses, todos os 97 animais tinham lares. Eu mesmo fiquei com três.
João Paulo Araújo Gomes
Uma vez comprometido com a causa, o padre nunca mais deixou os animais para trás.
"Fui me envolvendo e, sempre que aparecia um caso de atropelamento ou abandono, eu era incluído. Passei a usar meu espaço para trabalhar a conscientização das pessoas", explica o religioso.
Das ruas para a missa
Além de ajudar os animais a encontrarem novas casas, o padre também implementou algumas mudanças de comportamento na capela São Sebastião, para que os bichos fossem acolhidos.
"Mudamos nossa postura em relação a eles. Agora podem entrar na igreja, ficar em meio aos fiéis durante a celebração, colocamos comedores nas partes externas, oferecendo água e comida."
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberUm vídeo publicado nas redes sociais mostra o padre falando sobre um dos cachorros adotados, a Melissa. A vira-lata caramelo entrou na missa com fome e cansada. Após ser apresentada para os fiéis, conseguiu a castração e um lar temporário.
O padre João Paulo não sabe dizer ao certo quantos animais já conseguiram casas com a iniciativa, mas estima que seja algo perto de 200. E recusa o tom de heroísmo.
Sou só uma ponte entre essas situações desesperadoras dos animais e pessoas com um coração imenso.
João Paulo Araújo Gomes
Ele conta que já encontrou um homem que ganhava um salário mínimo e dividia sua casa com 40 gatos, para não deixá-los na rua. E conhece uma senhora que tem 30 cachorros em casa e ainda alimenta os que encontra na rua. "Eles sim são heróis."
O padre também faz campanhas para arcar com tratamentos, resgate nas ruas e arrecadação de ração.
Críticas acontecem
Nem todos são a favor do trabalho em prol dos animais. O religioso recebe diversas mensagens com crítica.
Em uma publicação nas redes sociais, ele contou que, certa vez, pensando em criticá-lo, uma pessoa disse que a igreja onde ele celebra "tem cheiro de cachorro". "Me fizeram um dos maiores elogios. Eles sempre são bem-vindos", escreveu.
"Os animais são muito mais puros do que muitas almas podres e fedorentas", completou.
Outros questionam se ele também se dedica a ajudar as pessoas, como faz com os animais.
"É uma das críticas mais injustas e dolorosas que recebemos. O trabalho pelos animais é apenas um dos que fazemos com a igreja", explica o padre.
Segundo ele, em dezembro, por exemplo, foram arrecadados alimentos para cesta básica e itens de higiene pessoal para doentes em um hospital, onde ele faz visitas semanais.
Houve também arrecadação para enxovais para mães de baixa renda.
"As pessoas precisam entender que o amor não é excludente. Gostar de bicho não é não gostar de gente. É só amor. Está tudo bem ajudar a todos."
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.