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No Japão, papa Francisco diz que uso de energia atômica gera "preocupação"

O papa Francisco ao lado do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe - Remo Casilli/Reuters
O papa Francisco ao lado do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe Imagem: Remo Casilli/Reuters

Em Tóquio

25/11/2019 06h04

O papa Francisco ressaltou hoje que o uso da energia atômica gera "preocupação" e pediu uma mobilização maior para as vítimas do terremoto, tsunami e da catástrofe nuclear de 2011 no Japão.

No terceiro dia da viagem ao país asiático, Francisco ouviu os depoimentos das vítimas do terremoto submarino de 9,0 graus de magnitude de 11 de março de 2011 que provocou uma onda gigante no nordeste do Japão, o que matou mais de 18.500 pessoas.

A onda atingiu a central nuclear de Fukushima e provocou o pior acidente nuclear desde o de Chernobyl (Ucrânia) em 1986.

O pontífice agradeceu a todas as pessoas que "se mobilizaram imediatamente depois dos desastres, para apoiar as vítimas".

"Uma ação que não pode ser perdida no tempo e desaparecer depois do choque inicial, e sim que devemos perpetuar e sustentar", declarou, ao recordar as "mais de 50 mil pessoas que foram retiradas, atualmente em casas temporárias, ainda sem condições de retornar para seus lares".

Quase 470 mil habitantes tiveram que abandonar suas casas nos primeiros dias da catástrofe, incluindo 160.000 na área das duas centrais nucleares em Fukushima. Além das vítimas do tsunami, as autoridades reconhecem mais de 3.700 mortes em consequência da deterioração das condições de vida dos afetados.

"A situação implica, com bem destacaram meus irmãos bispos no Japão, a preocupação pelo uso contínuo da energia nuclear", declarou o papa.

Os bispos japoneses "pediram a abolição das centrais nucleares", ressaltou.

Em 2016, a Conferência Episcopal do Japão fez um apelo ao mundo para o fim da produção de energia nuclear.

"O que o Japão viveu após a catástrofe de Fukushima nos mostra que devemos informar ao mundo sobre os perigos da produção de energia nuclear e pedir sua abolição", escreveram na época os bispos japoneses.

"Nossa era sente a tentação de fazer do progresso tecnológico a medida do progresso humano", disse Francisco.

"É importante, em momentos como este, fazer uma pausa e refletir sobre que somos e, talvez de maneira mais crítica, sobre quem queremos ser", completou.

O sumo pontífice também pediu a tomada de decisões corajosas sobre a exploração dos recursos naturais, sobretudo das futuras fontes de energia.

Depois do encontro com as vítimas de Fukushima, o papa se reuniu novamente com o imperador Naruhito no palácio imperial. Em seguida teve um encontro com jovens na catedral de Santa Maria de Tóquio.

Ainda hoje celebrará uma missa e terá uma reunião com o primeiro-ministro Shinzo Abe.