China considera "insanas" as declarações de Pompeo sobre a origem do coronavírus
Pequim, 4 Mai 2020 (AFP) - O canal estatal de televisão chinês CCTV criticou nesta segunda-feira (4) as "declarações insanas e evasivas" do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, sobre as origens da pandemia do novo coronavírus, alimentando a escalada de tensões entre as potências.
Pompeo afirmou no domingo (3) que existe uma "enorme quantidade de evidências" de que o novo coronavírus teve origem em um laboratório de Wuhan, cidade onde surgiu a epidemia na China.
"Há uma enorme quantidade de evidências de que começou ali", declarou Pompeo ao canal ABC, mas sem afirmar se pensava que o vírus foi liberado intencionalmente por Pequim.
A teoria da conspiração já foi desmentida em várias ocasiões pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por vários especialistas, mas ganhou espaço com o apoio do governo americano de Donald Trump, muito crítico a respeito da maneira como a China administrou a epidemia após seu surgimento no fim de 2019 em Wuhan.
Ao mesmo tempo, Trump é criticado pela gestão da pandemia nos Estados Unidos, onde quase 68.000 pessoas morreram vítimas da COVID-19, das 247.000 que faleceram em todo o planeta.
A CCTV criticou o "nocivo Pompeo", que "cospe seu veneno e propaga mentiras sem razão".
"Estes comentários prejudiciais e irracionais dos políticos americanos deixam claro para cada vez mais pessoas que não existem 'evidências'", afirmou a CCTV.
"O suposto vírus que vazou de um laboratório de Wuhan é uma mentira completa e absoluta. Os políticos americanos estão tentando atribuir culpa a outros, fraudar votos e recriminar a China quando seus próprios esforços domésticos contra a epidemia são uma bagunça", completou a emissora estatal.
Outros dois comentários oficiais publicados nesta segunda-feira no Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista, chamam Pompeo e Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump na Casa Branca, de "dupla de palhaços mentirosos" e Bannon de "fóssil vivo da Guerra Fria".
Bannon declarou na semana passada que a China cometeu um "Chernobyl biológico" contra os Estados Unidos e citou a teoria do laboratório de Wuhan propagada pela Casa Branca.
China e Estados Unidos travam uma batalha verbal sobre a origem do vírus desde que o ministro chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian, acusou em março o exército americano de ter levado o novo coronavírus para a China.
Desde então, o tom é cada vez mais elevado e as duas nações trocam acusações de tentativas de desinformação.
Na semana passada, Trump afirmou que tinha provas de que o laboratório de Wuhan foi a fonte da pandemia, mas não apresentou as evidências.
lxc/je/mar-af/mb/fp
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