Máscaras transparentes: um avanço para os surdos mas a um preço alto
Paris, 22 Ago 2020 (AFP) - As máscaras transparentes, além de protegerem da COVID-19, facilitam a comunicação para os surdos que leem os lábios, mas os preços ainda altos dificultam seu uso.
Diferentemente da máscara clássica, o modelo transparente permite ver as expressões faciais e a leitura labial.
Seu uso está ganhando espaço pouco a pouco. Exemplo disso são os tutoriais disponibilizados no YouTube para fabricá-las, o treinador de futebol americano, Nic Seban, que leva a sua para o campo, a ministra francesa encarregada das pessoas com deficiência que a exibiu na Assembleia Nacional e uma intérprete de linguaguem de sinais do hospital de Portsmouth (Reino Unido) que a divulgou no Twitter.
"A leitura labial é para mim uma vantagem. Imagine (ou não) que com as máscaras é complicadíssimo", declara à AFP Vivien Laplane, um francês surdo de nascimento e autor do blog "Appendre à écouter" ("Aprender a escutar").
Um casal de surdos indonésios, costureiros em Makasar, na ilha de Célebes, fabrica e comercializa desde abril máscaras transparentes sem as quais "é impossível para um surdo que lê os lábios compreender o que os outros dizem", explica Faizah Badaruddin que, com seu marido, produz duas dúzias por dia.
Dessa maneira falicitam a comunicação e não apenas para os surdos ou pessoas com problemas auditivos, que são 70 milhões segundo a Federação Mundial dos Surdos.
A Federação Francesa de Fonoaudiólogos explica que com as máscaras clássicas, "os pacientes são privados da fonte principal da mensagem oral: a boca e as mímicas faciais".
Para evitar problemas, os governos concedem homologações ou fazem pedidos.
Em Quebec, a Associação de Pessoas com Deficiência Auditiva (APDA) encomendou 100.000 máscaras laváveis com janelas transparentes. "As vendas são feitas muito rapidamente", afirma sua diretora, Marie-Hélène Tremblay.
- Máscaras para todos -Anissa Mekrabech, uma francesa de 31 anos com surdez, fundou a empresa ASA Initia e se uniu a uma importante associação francesa para pessoas com deficiência com o objetivo de desenvolver e comercializar a "máscara inclusiva".
Com 20.000 pedidos até o momento, este modelo foi o primeiro a ser homologado na França, que logo foi acompanhado pela "máscara sorriso", da empresa Odiora. Segundo o governo francês, em breve outras duas serão homologadas.
Por parte das associações, Stéphane Lenoir, coordenador do Coletivo Handicap na França, considera os modelos transparentes um avanço, mas "persiste a questão da generalização e do custo".
"É preciso democratizar o uso da máscara transparente", pede Marie-Hélène Tremblay em Quebec.
bur-dar/lum/jg/ao/mis/es/aa
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