Topo

Preso em Israel, palestino encerra greve de fome após 100 dias

O palestino Maher Al-Akhras, 49, que completou 100 dias de greve de fome em protesto à sua prisão - Taghreed Al-Akhras/Reuters
O palestino Maher Al-Akhras, 49, que completou 100 dias de greve de fome em protesto à sua prisão Imagem: Taghreed Al-Akhras/Reuters

06/11/2020 11h30Atualizada em 06/11/2020 14h45

O palestino Maher al-Akhras, preso há cerca de quatro meses em Israel, decidiu nesta sexta-feira (6) encerrar sua greve de fome que durou mais de 100 dias, informaram sua esposa e personalidades políticas.

Em uma mensagem de vídeo, o deputado árabe-israelense Ahmed Tibi afirmou que Al-Akhras encerrou sua greve de fome, uma informação confirmada à AFP pela esposa do palestino, cujo estado de saúde preocupava os territórios palestinos.

Al-Akrhas, de 49 anos, foi preso no final de julho pelas forças israelenses em sua casa no norte da Cisjordânia ocupada, por suspeitas de ser um membro da Jihad Islâmica, um grupo armado palestino. O palestino iniciou uma greve de fome para protestar contra sua prisão, considerada arbitrária.

"O que se pode fazer quando vemos nossos familiares mais queridos morrer na nossa frente?", questionou sua esposa, Taghrid Al-Akhras, junto a ele.

"Ele sofre fortes dores de cabeça e cólicas" e "tem dificuldade para se expressar", disse por telefone no hospital Kaplan, perto de Tel Aviv, explicando que seu marido se recusa a ingerir qualquer coisa que não seja água.

Seus advogados exigiram várias vezes sua libertação, ou sua hospitalização em um estabelecimento palestino, mas não obtiveram sucesso.

Em um comunicado, o ministério israelense das Relações Exteriores destacou hoje que Israel "faz todo o possível para garantir a saúde" de Al-Akhras, afirmando que as greves de fome são "usadas com finalidades políticas por terroristas".

"Qual perigo ele pode apresentar quando sequer consegue levantar-se da cama?", questionou a esposa de Al-Akhras, que explica que recebeu permissão para visitá-lo dois meses após sua prisão.

Este caso comoveu os territórios palestinos e os árabes israelenses, vários dos quais se manifestam em frente ao hospital Kaplan.

"A deterioração do estado de Maher Al-Akhras poderia provocar violência. Estou avisando!", declarou na quinta-feira no Knéset (Parlamento israelense) o chefe da Lista Conjunta de partidos árabes israelenses, Ayman Odeh.

Após o agravamento de seu estado de saúde, Al-Akhras foi transferido ao hospital Kaplan no início de setembro. Deveria ser transferido novamente para uma clínica militar de Ramla (centro), mas a Justiça israelense impediu essa transferência.