ONU denuncia repressão na Venezuela um dia antes de posse de Maduro
A ONU denuncia a repressão na Venezuela, às vésperas da posse de Nicolás Maduro. Num comunicado emitido nesta quinta-feira, o Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou estar "profundamente preocupado" diante dos relatos de prisões arbitrárias e intimidação, incluindo contra ativistas de direitos humanos e membros da oposição. Para ele, o momento é de buscar o diálogo.
Maduro, depois de uma eleição contestada, assume mais um mandato nesta sexta-feira. Mas vem sendo alvo de pressões internacionais.
"As recentes prisões, incluindo as de proeminentes defensores dos direitos humanos, líderes políticos e seus parentes, constituem mais um ataque aos direitos e liberdades do povo venezuelano", afirmou também nesta quinta-feira a Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos da ONU, criada para investigar a situação em Caracas.
"Nos últimos dois dias, a Missão registrou 16 prisões ou apreensões em vários estados do país, tendo como alvo líderes políticos, defensores dos direitos humanos e até mesmo parentes de figuras da oposição", alertou a comissão.
"Reiteramos que todas essas violações de direitos humanos e crimes podem acarretar responsabilidade criminal individual sob o direito internacional para aqueles que os praticam, bem como para aqueles que os ordenam ou autorizam", disse Marta Valiñas, presidente da Missão. "Essas detenções geram um medo generalizado entre a população e impedem que muitas pessoas se expressem livremente ou realizem seu trabalho legítimo em defesa dos direitos humanos", completou.
A Missão ainda pediu "urgentemente a divulgação imediata do paradeiro dos indivíduos detidos, garantindo que eles sejam salvaguardados e protegidos pela lei". "Todos os indivíduos detidos arbitrariamente devem ser libertados imediata e incondicionalmente", insistiu.
A posse de Maduro, marcada para esta sexta-feira, se transformou num momento de tensão no país e na região.
Em julho de 2024, a eleição em Caracas foi concluída com o anúncio por parte de Maduro de que teria sido o vencedor para mais um mandato como presidente. A oposição denunciou uma fraude e insistiu que seu candidato, Edmundo Gonzalez, teria vencido.
Nos últimos dias, o opositor visitou alguns dos principais líderes da região, numa operação para tentar ganhar legitimidade e enfraquecer Maduro.
Já o governo brasileiro evitou falar em fraude. Mas insistiu que não reconheceria a eleição enquanto as atas com os resultados não fossem apresentadas. Os documentos nunca foram publicados e uma crise diplomática se instaurou entre Brasília e Caracas. O governo Maduro chegou a atacar o assessor especial de Lula, Celso Amorim, e acusou a diplomacia brasileira de estar à serviço dos interesses americanos.
Nesta semana, Caracas enviou um convite formal ao Brasil para participar da posse. O governo não enviará um ministro ou representante de alto escalão para o evento. Mas, ainda assim, será representado pela embaixadora do Brasil em Caracas, Gilvania de Oliveira.
Brasília busca, assim, manter uma porta aberta com o presidente venezuelano para que possa mediar uma saída política para a crise. Mas não eleva sua representação, numa sinalização de que as condições colocadas pelo Brasil não foram atendidas.
Brasil, Colômbia e México chegaram a ensaiar uma articulação para evitar uma nova onda de violência na Venezuela. Mas os esforços fracassaram.
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