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Explosão de infecções causa preocupação na Espanha

15/01/2021 15h43

Madri, 15 Jan 2021 (AFP) - Depois das férias de Natal, o contágio de covid-19 atingiu níveis recordes na Espanha, onde várias regiões exigem um confinamento quase total, que o governo central descarta por hora.

O balanço oficial do ministério da Saúde registrou, nesta sexta-feira (15), um número recorde de casos em 24 horas, com 40.197 contágios, embora a comparação histórica seja complicada já que no início da epidemia o país tinha capacidade para fazer testes apenas em pacientes suspeitos.

Diante deste aumento de casos, as regiões, que são competentes em saúde, endureceram as restrições. Madri foi uma das últimas, que proibiu reuniões nas residências, adiar o toque de recolher em uma hora até as 23h e o fechamento dos bares às 22h.

Em um mês, a incidência da epidemia triplicou na Espanha, de 194 casos por 100 mil habitantes em duas semanas para 575 nesta sexta-feira, segundo os últimos dados publicados pelo Ministério da Saúde.

Na semana passada, o país ultrapassou a barreira simbólica de dois milhões de casos confirmados oficialmente. A verdadeira quantidade, porém, é bem maior, segundo estudo divulgado em dezembro pelo governo, que revelou que 10% da população, cerca de 4,7 milhões de pessoas, contraíram o vírus.

Nesta sexta-feira, o país registrou 235 mortes em 24 horas, elevando o número oficial de mortes para mais de 53.300, número que também subestima o impacto real, visto que no início da epidemia muitas pessoas morreram sem fazer o PCR.

Mas depois das férias de Natal, durante as quais o governo relaxou levemente algumas restrições, "houve uma mudança significativa na tendência", disse Fernando Simón, epidemiologista-chefe do Ministério da Saúde, na quinta-feira.

As unidades de terapia intensiva (UTI), com uma ocupação média de pacientes com covid de 28%, "estão sofrendo", acrescentou.

As autoridades atribuem esse aumento às reuniões familiares de Natal, e não ao impacto da nova cepa mais contagiosa do vírus que apareceu no Reino Unido, dos quais 88 casos foram confirmados e há mais 200 sob investigação.

"A variante britânica teve muito pouco efeito sobre o que temos observado até agora", disse Simón.

Para conter o aumento nos casos, cinco regiões pediram ao governo central que lhes permitisse impor o confinamento nos municípios ou bairros mais afetados.

Mas o executivo do socialista Pedro Sánchez descarta essa medida drástica por enquanto, com a população e os atores econômicos ainda traumatizados pelo confinamento aplicado entre março e junho, um dos mais rígidos do mundo.

Isso "não parece necessário por enquanto", avaliou Simón, em uma posição que contrasta com outros países como o Reino Unido, que reconfigurou sua população.

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